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São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003
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ARTES PLÁSTICAS Novas formas de Tomie Ohtake
ALEXANDRA MORAES DA REDAÇÃO A artista plástica Tomie Ohtake lança uma nova série de gravuras que retomam o diálogo constante entre linha e cor em sua obra, que ora pende para um, ora para outro, sem jamais abandoná-los. "Algumas das questões que me preocuparam nos últimos anos foram transparência e profundidade, mais do que texturas e cores. Acho que já ultrapassei o período mais agudo dessa fase, mas ainda continuo trabalhando bastante a superfície das cores", diz. Aos 89 anos, a artista plástica realiza a quarta exposição no instituto que leva seu nome, inaugurado em novembro de 2001, e cuja proposta é mostrar sempre a obra da nipo-brasileira, que completou 50 anos de carreira. Dessa vez, Tomie exibe também a série Grandes Formatos, trabalho caracterizado sobretudo pela eminência dos contornos e por cores cambiáveis. "Nessas gravuras, a linha aparece em primeiro lugar, tanto que eu mudo de cores sem mudar as linhas. Mas, nas pinturas que estou fazendo hoje, a cor aparece em primeiro lugar. Portanto, não existe uma regra rígida, assim como também não é rígida a indissociabilidade ou a independência da linha e da cor", adverte. As gravuras dessa série lembram, ainda, o caráter das obras públicas de Tomie, que estão em diversos pontos de cidades como São Paulo, Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro. "A altura deste trabalho é de 2,80 metros, maior, portanto, do que a maioria dos pés-direitos residenciais, o que obriga a colocá-lo em locais não-convencionais. Por isso, embora não seja [uma das obras públicas", esta série tem o sentido que a obra pública tem." Para completar, expõe esculturas de ferro que formam linhas brancas no ar e remetem à desmaterialização, que estiveram em sua sala na 23ª Bienal de São Paulo (1996). As gravuras da série Grandes Formatos foram exibidas em mostra paralela à Bienal daquele ano no Morumbi Shopping. As esculturas, ela conta, foram resultados de trabalhos "com modelos de esculturas em que a linha desenha formas no ar". Nelson Aguilar, curador da Bienal daquele ano, visitou o ateliê de Tomie e "achou que um conjunto dessas esculturas poderia formar uma sala especial. Escolhemos algumas das peças, criei outras novas, e particularmente uma, com 12 metros de altura, que ficava no grande vão da Bienal. Infelizmente, pela dimensão, não estará agora no instituto", diz Tomie. A série é associada à escultura que está no jardim do MAC-USP e às formas brancas de balanço constante que geralmente ficam expostas no grande hall do Instituto Tomie Ohtake (atualmente o espaço abriga uma mostra de Mauro Fuke). "Todas essas esculturas fazem parte de uma fase em que as linhas cortam o ar, e a cor branca leva à idéia de desmaterialização", continua. Já as novas gravuras fazem parte de um conjunto que, no total, é composto por 12 obras (as outras seis estão em fase de impressão). Com tiragem de 90 exemplares cada uma, um pacote com as 12 vai ser colocado à venda na galeria Nara Roesler, por R$ 14 mil, aproximadamente, com a renda revertida ao Instituto Tomie Ohtake. Tomie completa 90 anos em novembro próximo, e o instituto está formulando as possibilidades de comemorar a data, provavelmente com uma nova exposição. Enquanto isso, Tomie não pára. "Está em fase final de execução nas oficinas da Usiminas, em Minas Gerais, uma escultura para uma praça em Belo Horizonte que tem duas hastes com 20 metros de balanço cada uma", conta, sobre seus novos projetos. "Tem uma outra obra sobre a qual ainda estou conversando com o arquiteto Oscar Niemeyer, mas só poderei dar mais detalhes quando o projeto estiver pronto. São desafios, questões difíceis, mas que me dão uma enorme satisfação." TOMIE OHTAKE. Exposição de seis gravuras novas, da série Grandes Formatos, e de seis esculturas. Quando: a partir de amanhã; de ter. a dom., das 11h às 20h; até 16/3. Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201, Pinheiros, SP, tel. 0/xx/11/6844-1900). Quanto: entrada franca. Texto Anterior: Contardo Calligaris: Deus é brasileiro Índice |
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