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"GANDAHAR - OS ANOS DE LUZ"
Ontem e hoje duelam em desenho
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Gandahar é um paraíso tentando equilibrar-se no presente. Repleta de beldades seminuas, que a governam, e de heróis
corajosos dispostos a enfrentar feras mutantes de toda a sorte, orgulha-se de ter deixado no passado guerras e catástrofes científicas
que marcaram sua história. Mas,
agora, é o futuro que a preocupa.
O que será dos amigos da luz, do
prazer e da natureza diante do
exército de "homens-metal", sem
vida, que de repente invadiu a capital do reino de Ambissextra?
Como desviar os olhos da recém-descoberta e imensa população
de "transformados", que sofreu
na pele as consequências da genética gandahariana?
"Gandahar era salva daqui há
mil anos. Gandahar será destruída mil anos atrás", reza a profecia
de um "transformado", com os
membros fora de lugar e, por isso
mesmo, avesso ao seu presente.
Ficção científica, política, sexo,
enfim, todos os ingredientes de
uma boa história do gênero fantástico estão em "Gandahar - Os
Anos de Luz", longa animado de
René Laloux, que entra em cartaz
hoje no CineSesc.
Levado às telas pela primeira
vez em 1988, se não bastasse, o
longa de Laloux -diretor do cult
"Planeta Selvagem", de 1973, e de
"Time Masters", com desenhos
do mestre Moebius- tem ainda
o reforço de Phillipe Caza, desenhista da antológica revista francesa "Metal Hurlant". Mas, para
dizer a verdade, não basta.
Tudo o que, 30 anos atrás, fez a
cabeça do papa do filme B, Roger
Corman, para que produzisse
"Planeta Selvagem" também está
em "Gandahar". Mas sofre o...
efeito dos tempos.
Soam ingênuas as preocupações proto-ecológicas do herói
Sylvain. Parece datado o "portal
do tempo" comandado pelo maligno Metamorfo...
Assim, os 105 minutos de "Gandahar" oscilam entre momentos
visuais magníficos e outros de discursos constrangedores. Alterna
uma nostalgia gostosa dos quadrinhos europeus de décadas passadas com um resultado muitas
vezes grosseiro, comprometido
pela lógica de (corte de) custos
que recaiu sobre a animação contemporânea. Um insolucionável
paradoxo espaço-tempo, que, hoje, não desce de jeito nenhum.
Gandahar - Os Anos de Luz
Gandahar, Les Années Lumière
Produção: França, 1988
Direção: René Laloux e Phillippe Caza
Quando: a partir de hoje, às 15h30, no
CineSesc
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