São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2000


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CRÍTICA

Filosofia e faroeste

da Redação


"A Árvore dos Ossos" acompanha a história do povoado de Cataguá, habitado por homens rudes que lavram a terra e mulheres tristes que têm de obedecer a um rígido código de conduta moral e social.
Cataguá está entrando na modernidade e vive um dilema conhecido. Tem de optar entre as máquinas na agricultura ou a enxada; comercializar artesanato ou continuar na economia de subsistência; liberalizar o sexo ou perpetuar valores tradicionais.
A narrativa é construída a partir de visões, reflexões e considerações que membros da família Santos, tradicional clã cataguense, expõem em forma de depoimento a cada capítulo do livro. As vozes se entrecruzam, delineando a trama: cada Santos quer ser o manda-chuva de Cataguá e luta, cada um com suas armas, pela preferência dos conterrâneos.
Chiquinha, a matriarca, é a atual chefe. Apegada à religião e aos valores morais, ela não quer que Cataguá se modernize e controla os homens da região por meio do jogo de truco. Seu principal adversário é o filho Isaías. Aleijado e doente, ele é autodidata, adepto à entrada da cidade no mundo globalizado. Ezequiel, o cunhado de Chiquinha, é um homem rude, seus valores estão associados à posse e à honra.
Cada um traz ao enredo seu modo peculiar de compreender o universo humano da Mantiqueira e propor soluções para os problemas da cidade. Giffoni tenta, a partir do cruzamento dos discursos, construir uma metáfora do espírito brasileiro. O que garante, se não atinge tal fórmula, é uma estranha união entre filosofia popular e o faroeste. (SC)


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Livro: A Árvore dos Ossos
Autor: Luís Giffoni
Editora: Pulsar
Preço: R$ 15 (211 págs.)


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