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CRÍTICA
Filosofia e faroeste
da Redação
"A Árvore dos
Ossos" acompanha
a história do povoado de Cataguá, habitado por homens
rudes que lavram a
terra e mulheres tristes que têm
de obedecer a um rígido código
de conduta moral e social.
Cataguá está entrando na modernidade e vive um dilema conhecido. Tem de optar entre as
máquinas na agricultura ou a enxada; comercializar artesanato ou
continuar na economia de subsistência; liberalizar o sexo ou perpetuar valores tradicionais.
A narrativa é construída a partir
de visões, reflexões e considerações que membros da família
Santos, tradicional clã cataguense, expõem em forma de depoimento a cada capítulo do livro. As
vozes se entrecruzam, delineando
a trama: cada Santos quer ser o
manda-chuva de Cataguá e luta,
cada um com suas armas, pela
preferência dos conterrâneos.
Chiquinha, a matriarca, é a atual
chefe. Apegada à religião e aos valores morais, ela não quer que Cataguá se modernize e controla os
homens da região por meio do jogo de truco. Seu principal adversário é o filho Isaías. Aleijado e
doente, ele é autodidata, adepto à
entrada da cidade no mundo globalizado. Ezequiel, o cunhado de
Chiquinha, é um homem rude,
seus valores estão associados à
posse e à honra.
Cada um traz ao enredo seu
modo peculiar de compreender o
universo humano da Mantiqueira
e propor soluções para os problemas da cidade. Giffoni tenta, a
partir do cruzamento dos discursos, construir uma metáfora do
espírito brasileiro. O que garante,
se não atinge tal fórmula, é uma
estranha união entre filosofia popular e o faroeste.
(SC)
Avaliação:
Livro: A Árvore dos Ossos
Autor: Luís Giffoni
Editora: Pulsar
Preço: R$ 15 (211 págs.)
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