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CINEMA
"Separações", de Domingos Oliveira, compete na edição deste ano de Mar del Plata, que quer reafirmar suas raízes
Festival dá close nos latino-americanos
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O 18º Festival de Cinema de Mar
del Plata, que começa hoje no balneário argentino, tem o objetivo
de enfatizar "o bom momento das
cinematografias espanhola, brasileira e argentina", de acordo com
o diretor artístico da mostra, o cineasta Miguel Pereira.
Até o dia 15, serão exibidos 131
títulos, em longas e curtas-metragens, nos cinemas da cidade e numa tela ao ar livre. O Brasil tem
um filme na competição -"Separações", de Domingos Oliveira-, cinco títulos nas seções paralelas e duas retrospectivas dedicadas aos cineastas Nelson Pereira dos Santos e Walter Salles.
"Vai ser uma prova. Estou curioso para saber se eles [os argentinos] terão prazer em me conhecer", diz Oliveira. O cineasta
acompanhará a primeira exibição
de seu longa fora do Brasil ao lado
da mulher, a atriz Priscilla Rozenbaum, com quem estrela o filme.
"Separações" é livremente inspirado na vida do casal e acumula
mais de 70 mil espectadores no
país, desde a estréia em janeiro.
"Todo artista quer que a obra
fale por si mesma. Tenho certeza
de que tenho uma visão de mundo muito particular. Mas, aqui,
sou muito notado. As pessoas conhecem a minha vida. Por isso estou achando ótimo ir", afirma.
Entre os outros 15 filmes que
disputam com o brasileiro, há
produções da Alemanha, Canadá,
Coréia do Sul, Dinamarca, Irã, Israel, Finlândia e México, além dos
já citados Argentina, Brasil e Espanha. Os EUA vão com dois títulos de selos independentes.
"Os grandes festivais europeus
têm se transformado em plataforma de lançamento de filmes
hollywoodianos, o que diminui
ainda mais o espaço já reduzido
das outras cinematografias. Queremos fazer o contrário disso:
afirmar que nossas raízes são latino-americanas, mas também
abrindo os ramos para a cinematografia do mundo", diz Pereira.
Atento à grave crise econômica
que atinge a Argentina, o festival
evitará gastos com festas e o financiamento de estadas luxuosas
para nomes do showbiz. O ingresso às sessões custa dois pesos
(aproximadamente R$ 2,20).
O júri da mostra é composto exclusivamente de cineastas, incluindo a brasileira Suzana Amaral e o argentino Carlos Sorín. Os
demais representam Espanha
(Ventura Pons), Estados Unidos
(Ulu Grosbard), França (Pascal
Bonitzer) e Índia (Deepa Mehta).
Nas seções paralelas há filmes
de estreantes, novos títulos de cineastas reconhecidos e de diretores em ascensão e clássicos argentinos. O colombiano Rodrigo
Triana (filho de Jorge Alí Triana,
que venceu no ano passado com
"Bolivar Soy Yo") mostra seu primeiro longa -"Como el Gato y el
Raton" (Como Gato e Rato).
"Salomé", do espanhol Carlos
Saura, está na seleção oficial fora
de competição, assim como "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, que abre o festival. A mostra Ponto de Vista exibe, entre outros, "A Festa Nunca Termina",
de Michael Winterbottom, e "The
Magdalene Sisters" (As Irmãs
Magdalene), vencedor em Veneza
no ano passado.
Outros brasileiros presentes na
mostra são: "Dois Perdidos numa
Noite Suja", de José Joffily, "Moro
no Brasil", de Mika Kaurismäki,
"Netto Perde a Sua Alma", de Beto Souza e Tabajara Ruas, e "Uma
Vida em Segredo", de Suzana
Amaral.
Nelson Pereira dos Santos indicou à organização os títulos que
julga mais representativos para
uma pequena retrospectiva de
sua obra. Serão mostrados "Rio,
40 Graus", "Vidas Secas", "Como
Era Gostoso o Meu Francês" e
"Estrada da Vida".
De Walter Salles, o festival selecionou parte da produção documental: "Krajcberg, o Poeta dos
Vestígios", "Socorro Nobre", "Somos Todos Filhos da Terra" e "A
Saga de Castanha e Caju contra o
Encouraçado Titanic".
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