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PERSONALIDADE
Herdeiro de uma das mais tradicionais famílias do Rio, ex-milionário tinha um aneurisma na aorta
Morre playboy das estrelas Jorge Guinle
DA SUCURSAL DO RIO
Personalidade legendária da sociedade carioca, o playboy Jorginho Guinle, que nunca trabalhou
em seus 88 anos, morreu às 4h30
de ontem, na suíte 153 do Copacabana Palace, vítima de um aneurisma da aorta abdominal.
Jorginho -que nos últimos
anos vivia da aposentadoria de
pouco mais de R$ 1.500, paga pelo
INSS, e da ajuda de amigos- havia sido internado na última segunda no hospital municipal de
Ipanema com desidratação, desnutrição e arritmia cardíaca.
O aneurisma foi diagnosticado
pela equipe do hospital, mas ele
não quis ser operado, já que as
chances de sobreviver seriam pequenas. Assinou um termo de
responsabilidade e recebeu alta
para passar sua última noite no
Copacabana Palace, construído
há 81 anos por seu tio Octavio
Guinle e vendido em 1989.
De acordo com amigos, ao deixar o hospital Jorginho fez questão de beijar as mãos do médico
Otávio Vaz. E disse: "Eu vou para
o céu. É o Copacabana Palace".
No hotel, Jorginho tomou milk-shake de baunilha com calda de
caramelo. Depois, jantou estrogonofe de frango. Na sobremesa,
sorvete de framboesa.
Jorginho se declarava ateu e epicurista. Estudou filosofia e se dizia
marxista por influência de uma
preceptora alemã cujo irmão teria
sido companheiro de Lenin
(1870-1924), líder da Revolução
Russa.
Não houve missa antes de seu
enterro, que ocorreu às 11h40, no
cemitério São João Batista. A cerimônia teve um cortejo discreto.
"Foi o último playboy. O verdadeiro", disse o amigo Mariozinho
de Oliveira, fundador, nos anos
40, do Clube dos Cafajestes, que
reunia ilustres boêmios cariocas.
Segundo a filha de Jorginho,
Georgeana Guinle, 33, o pai ouviu
música antes de se deitar. "Papai
dizia que o epitáfio dele, como
gostava muito de música, não seria "aqui jaz", mas "aqui jazz'".
Nascido em 5 de fevereiro de
1916, Jorginho era filho de Carlos
Guinle e Gilda de Oliveira Rocha
Guinle. Além de Georgeana, filha
de sua ex-mulher Ionita Sales Pinto, ele deixou outro filho, Gabriel,
22, que teve com sua última mulher, Maria Helena.
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