São Paulo, domingo, 06 de março de 2005

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Termos se popularizam nos bailes do Rio

DA COLUNISTA DA FOLHA

Os termos "amante" e "de fé" viraram moda nos bailes do Rio de Janeiro depois que Renato dos Santos, 17, integrante do Bonde dos Magrinhos, escreveu a letra da polêmica música "Lanchinho da Madrugada". "Não compara com a de fé, tu é lanchinho da madrugada", diz a letra. Os termos logo se popularizaram nos bailes, e a música virou sucesso.
"Eu escrevi por causa de uma coisa que aconteceu comigo. Fiquei com uma menina no baile e depois ela foi contar para a minha namorada. Fiquei com raiva e escrevi que ela era só o meu lanchinho da madrugada", diz ele.
A história de ser chamada de lanchinho ofendeu as garotas, que decidiram fazer alguma coisa em vez de só ficarem com raiva. "Eu ouvi aquilo e não achei legal. Mulher é mulher, não é lanchinho, não pode ir chamando a gente assim. E, se eles lancham, é porque também estão sendo lanchados", diz Valeska dos Santos, cantora da Gaiola das Popozudas.
Ela decidiu responder à música (no funk, é tradição que uma música surja como resposta para a outra). Só que a voz feminina veio agressiva e também fez sucesso. "Homem que é homem pega a fiel e amante, fica no sapatinho, não fica cheio de marra. Se a gente é lanchinho, você também está sendo lanchado", cantou Valeska.
"Eu não imaginava que as mulheres fossem ficar tão revoltadas. Mas é bom que cria polêmica. Depois do lanchinho, elas começaram com essa coisa de amante e de fé e virou a maior confusão."
Renato não se ofende com a violência da resposta feminina. "Elas agora estão com mania de dizer que a gente também é lanchinho da madrugada, mas tudo bem."
Ser "lanchinho" também é termo comum nos bailes, e muitas assumem a condição sem maiores problemas. "Eu não sou amante nem fiel, tô só no lanchinho da madrugada, o lanchinho liga e a gente vai", diz Cristal Rodrigues Veloso, bailarina da MC Nem.
Mas, nas músicas, pertencer a lanchinho é um pouco desvalorizado. "Se tu não é amante nem de fé, tu é lanchinho da madrugada", as mulheres cantam nos bailes. E dessa vez ninguém levanta a mão se identificando. (NL)


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