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Termos se popularizam nos bailes do Rio
DA COLUNISTA DA FOLHA
Os termos "amante" e "de
fé" viraram moda nos bailes
do Rio de Janeiro depois que
Renato dos Santos, 17, integrante do Bonde dos Magrinhos, escreveu a letra da polêmica música "Lanchinho
da Madrugada". "Não compara com a de fé, tu é lanchinho da madrugada", diz a letra. Os termos logo se popularizaram nos bailes, e a música virou sucesso.
"Eu escrevi por causa de
uma coisa que aconteceu comigo. Fiquei com uma menina no baile e depois ela foi
contar para a minha namorada. Fiquei com raiva e escrevi que ela era só o meu
lanchinho da madrugada",
diz ele.
A história de ser chamada
de lanchinho ofendeu as garotas, que decidiram fazer
alguma coisa em vez de só ficarem com raiva. "Eu ouvi
aquilo e não achei legal. Mulher é mulher, não é lanchinho, não pode ir chamando
a gente assim. E, se eles lancham, é porque também estão sendo lanchados", diz
Valeska dos Santos, cantora
da Gaiola das Popozudas.
Ela decidiu responder à
música (no funk, é tradição
que uma música surja como
resposta para a outra). Só
que a voz feminina veio
agressiva e também fez sucesso. "Homem que é homem pega a fiel e amante, fica no sapatinho, não fica
cheio de marra. Se a gente é
lanchinho, você também está sendo lanchado", cantou
Valeska.
"Eu não imaginava que as
mulheres fossem ficar tão revoltadas. Mas é bom que cria
polêmica. Depois do lanchinho, elas começaram com
essa coisa de amante e de fé e
virou a maior confusão."
Renato não se ofende com
a violência da resposta feminina. "Elas agora estão com
mania de dizer que a gente
também é lanchinho da madrugada, mas tudo bem."
Ser "lanchinho" também é
termo comum nos bailes, e
muitas assumem a condição
sem maiores problemas. "Eu
não sou amante nem fiel, tô
só no lanchinho da madrugada, o lanchinho liga e a
gente vai", diz Cristal Rodrigues Veloso, bailarina da
MC Nem.
Mas, nas músicas, pertencer a lanchinho é um pouco
desvalorizado. "Se tu não é
amante nem de fé, tu é lanchinho da madrugada", as
mulheres cantam nos bailes.
E dessa vez ninguém levanta
a mão se identificando.
(NL)
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