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"A Memória da Água" investiga narrativa
DA REPORTAGEM LOCAL
O carioca-paranaense Felipe
Hirsch não teme o estigma que
pode recair sobre seus ombros
depois da barulhenta repercussão
da montagem teatral "A Vida É
Cheia de Som e Fúria", adaptação
do romance "Alta Fidelidade", do
britânico Nick Hornby.
"A gente vive em um mundo
cheio de clichês. Por causa da visibilidade enorme de uma peça, é
possível que as pessoas se decepcionem já em casa, antes de ir ao
teatro para conferir a montagem
seguinte", afirma Hirsch, 29, que
nasceu no Rio e se mudou depois
para Curitiba.
É assim, com "peito aberto",
que ele embarca com a Sutil Companhia de Teatro em mais uma
estréia, "A Memória da Água",
em cartaz a partir de hoje no teatro das Artes, no Rio.
Não se trata da peça posterior à
"Som e Fúria", de 1999. Antes, no
ano passado, Hirsch montou "Os
Incendiários", adaptação da obra
de Max Frisch ("Biedermann und
die Brandstifter"), que fez curta
temporada em Curitiba.
Mas "A Memória da Água" é a
primeira grande produção da
companhia no eixo Rio-São Paulo, daí a expectativa.
Fiel à concepção que norteou a
Sutil desde sua criação, em 1993,
Hirsch aprofunda sua pesquisa
em torno da narrativa de memória, verticalizando-a no texto da
inglesa Shelagh Stephenson, de
1996, dramaturga que é encenada
no país pela primeira vez.
"Na narrativa de memória, o
personagem conta o que aconteceu a partir de sua memória voluntária ou involuntária", afirma
Hirsch, que assina a co-direção
com Guilherme Weber.
Em "Memória da Água", três irmãs distantes reencontram-se
por ocasião da morte da mãe. Elas
aguardam o funeral em um vilarejo perto do mar. Nesse hiato, revivem lembranças, acertam contas e refletem sobre suas vidas.
As irmãs são interpretadas por
Eliane Giardini, Andréa Beltrão e
Ana Beatriz Nogueira. Clarice
Niskier faz a mãe. Todas se utilizam de interpretação naturalista.
A montagem intercala projeções
de imagens em película.
(VS)
Peça: A Memória da Água
Texto: Shelagh Stephenson
Direção: Felipe Hirsch e Guilherme
Weber
Com: Sutil Companhia de Teatro
Quando: estréia hoje, às 21h30; de qui. a
sáb., às 21h30; dom., às 20h30
Onde: teatro das Artes (r. Marques de
São Vicente, 52, tel. 0/xx/21/540-6004)
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