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Crítica
"As Safadas" foge do óbvio de hoje na TV
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Por que, numa Sexta-Feira
Santa, eu preferiria um filme
como "As Safadas" (Canal
Brasil, 0h), a, digamos, "Os Dez Mandamentos" (Telecine Cult, 18h10)?
Porque "Os Dez Mandamentos" todo mundo sabe o que é,
porque é e até como é. Está recomendado automaticamente.
"As Safadas" é bem o contrário: uma produção ínfima de
A.P. Galante, que, durante um
tempo de inflação desbragada,
soltou três equipes a filmar ao
mesmo tempo: prazo de seis
dias e cinco rolos de filme cada.
Ao fim de um mês tinha o filme pronto. Há ali um belo episódio de Carlos Reichenbach.
Mas deixemos de hipocrisia: o
que me apaixona mesmo é o segundo episódio, que filmei em
condições quase desumanas,
com atores que quase se mataram para que se chegasse a algo
decente.
Há ali coisas que me agradam, coisas que eu daria tudo
para ter refilmado (não havia
filme, nem tempo). E há um
modo de produção econômico
que abortamos, quando deveríamos aperfeiçoá-lo.
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