São Paulo, segunda, 6 de abril de 1998

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ROCK
Disco reúne líderes da banda, o primeiro de material totalmente inédito desde o fim do grupo; turnê inclui Brasil
Page e Plant recompõem Led Zeppelin

IRINEU MACHADO
de Londres

O Led Zeppelin está de volta. Ou quase isso. Trinta anos depois que começaram a trabalhar juntos, Jimmy Page e Robert Plant, líderes da banda que se transformou numa das mais importantes páginas da história do rock, voltam à ativa com o primeiro álbum de material totalmente inédito desde o fim do Led Zeppelin, em 1980.
O novo CD, "Walking into Clarksdale", será oficialmente lançado na Inglaterra em 20 de abril. Depois disso, Page, 54, e Plant, 49, saem em turnê mundial que, conforme anunciaram, passará pelo Brasil no próximo verão, provavelmente depois do Natal.
O guitarrista Jimmy Page, em Londres, falou à Folha sobre excessos, honestidade, anos 80 e 90.

Folha - O que levou a "lenda" Led Zeppelin a permanecer viva até os dias de hoje?
Jimmy Page -
A música era muito boa e realmente honesta. Tocávamos o que queríamos. Não havia gravadoras ditando, como fazem hoje. Ainda fazemos isso.
Folha - Ouvindo o novo disco, a sensação que se tem é a de que vocês tentaram soar igual ao Led Zeppelin. Isso aconteceu?
Jimmy Page -
Não tentamos soar como o Led Zeppelin. Nós somos o Led Zeppelin e não queremos soar diferente. Queremos soar como Robert Plant e Jimmy Page. É claro que a banda virou uma referência e é impossível evitar comparações. Mas é só uma coleção de novas canções.
Folha - Você acha que perderam tempo nos anos 80?
Page -
Não desperdicei meu tempo. O que eu não fiz foi participar da horrível moda dos 80. Fico orgulhoso de ter sobrevivido aos anos 80 sem ter cometido erros horríveis e sem parecer tolo. Foram anos terríveis para a música. Computadorizados demais.
Folha - E o que há de positivo nos anos 90? São melhores?
Page -
Claro que sim. Radiohead, por exemplo. Eles fazem música muito imaginativa. O Prodigy também, gosto da energia deles. Sua mistura de tecno e punk é excitante. Gosto também do Blur.
Folha - Compra CDs deles?
Page -
Não. Compro mais CDs de música do leste europeu, música croata, turca. Tenho ouvido muito o brasileiro Egberto Gismonti. Sua técnica é incrível.
Folha - Já tinha esse interesse por world music no Led Zeppelin?
Page -
Sim, desde a adolescência. Naturalmente, a primeira coisa que me interessou foi rock'n'roll. Sou graduado em blues, mas sempre quis saborear essas culturas. Há quatro anos, não sabia da existência da capoeira, por exemplo, e do berimbau.
Folha - Ainda se interessa por magia negra e misticismo, como nos anos 70?
Page -
Eu não estou muito interessado em magia negra agora. Eu prefiro forças positivas, não negativas, na minha vida.
Folha - E o que é positivo?
Page -
Minha música. E minha família.
Folha - Essa preocupação maior com família é um antídoto para os excessos dos anos 70?
Page -
Não sei quanto excessivo eu fui. Eu me diverti. Hoje, sou um pouco mais vivido. Tenho um equilíbrio muito bom entre a vida cômoda e a vida profissional.




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