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ROCK
Disco reúne líderes da banda, o primeiro de material totalmente inédito desde o fim do grupo; turnê inclui Brasil
Page e Plant recompõem Led Zeppelin
IRINEU MACHADO
de Londres
O Led Zeppelin está de volta. Ou
quase isso. Trinta anos depois que
começaram a trabalhar juntos,
Jimmy Page e Robert Plant, líderes
da banda que se transformou numa das mais importantes páginas
da história do rock, voltam à ativa
com o primeiro álbum de material
totalmente inédito desde o fim do
Led Zeppelin, em 1980.
O novo CD, "Walking into
Clarksdale", será oficialmente lançado na Inglaterra em 20 de abril.
Depois disso, Page, 54, e Plant, 49,
saem em turnê mundial que, conforme anunciaram, passará pelo
Brasil no próximo verão, provavelmente depois do Natal.
O guitarrista Jimmy Page, em
Londres, falou à Folha sobre excessos, honestidade, anos 80 e 90.
Folha - O que levou a "lenda"
Led Zeppelin a permanecer viva
até os dias de hoje?
Jimmy Page - A música era
muito boa e realmente honesta.
Tocávamos o que queríamos. Não
havia gravadoras ditando, como
fazem hoje. Ainda fazemos isso.
Folha - Ouvindo o novo disco, a
sensação que se tem é a de que vocês tentaram soar igual ao Led
Zeppelin. Isso aconteceu?
Jimmy Page - Não tentamos
soar como o Led Zeppelin. Nós somos o Led Zeppelin e não queremos soar diferente. Queremos
soar como Robert Plant e Jimmy
Page. É claro que a banda virou
uma referência e é impossível evitar comparações. Mas é só uma coleção de novas canções.
Folha - Você acha que perderam
tempo nos anos 80?
Page - Não desperdicei meu
tempo. O que eu não fiz foi participar da horrível moda dos 80. Fico
orgulhoso de ter sobrevivido aos
anos 80 sem ter cometido erros
horríveis e sem parecer tolo. Foram anos terríveis para a música.
Computadorizados demais.
Folha - E o que há de positivo nos
anos 90? São melhores?
Page - Claro que sim. Radiohead, por exemplo. Eles fazem
música muito imaginativa. O Prodigy também, gosto da energia deles. Sua mistura de tecno e punk é
excitante. Gosto também do Blur.
Folha - Compra CDs deles?
Page - Não. Compro mais CDs
de música do leste europeu, música croata, turca. Tenho ouvido
muito o brasileiro Egberto Gismonti. Sua técnica é incrível.
Folha - Já tinha esse interesse
por world music no Led Zeppelin?
Page - Sim, desde a adolescência. Naturalmente, a primeira coisa que me interessou foi
rock'n'roll. Sou graduado em
blues, mas sempre quis saborear
essas culturas. Há quatro anos,
não sabia da existência da capoeira, por exemplo, e do berimbau.
Folha - Ainda se interessa por
magia negra e misticismo, como
nos anos 70?
Page - Eu não estou muito interessado em magia negra agora. Eu
prefiro forças positivas, não negativas, na minha vida.
Folha - E o que é positivo?
Page - Minha música. E minha
família.
Folha - Essa preocupação maior
com família é um antídoto para os
excessos dos anos 70?
Page - Não sei quanto excessivo
eu fui. Eu me diverti. Hoje, sou um
pouco mais vivido. Tenho um
equilíbrio muito bom entre a vida
cômoda e a vida profissional.
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