|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Venezuelano mobiliza limites com ilusão
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
Soto mobiliza os limites
criados pela fantasia. Ao longo de meio século de produção,
transitou da Venezuela para a história da arte com obras de admirável ilusionismo.
Durante os anos 50, ele foi um
dos sul-americanos a preservar a
tradição do modernismo construtivista da onda de abstração informal que dominava o Atlântico
Norte.
Junto com Soto, o compatriota
Cruz-Diez, o grupo Madí em Buenos Aires, concretos paulistas e
neoconcretos cariocas marcaram
esse momento seminal da reflexão que garantiu o lugar ocupado
pelo subcontinente na arte contemporânea internacional.
Desde as primeiras pinturas,
Soto dispunha figuras geométricas separadas a fim de induzir a
uma compensação cerebral que
as ligava de maneira involuntária.
A obra incluía, assim, a participação mental do espectador.
Os anos 60 levaram Soto à cena
parisiense e, de lá, para o debate
sobre o destino do modernismo.
Os detratores da arte pop viram
nele a ocasião de teorizar sobre o
futuro da abstração: a geração de
Warhol seria varrida pela expansão da rigorosa arte óptica. Já os
artistas intelectuais identificaram
nas ilusões mentais do "optical
art" uma prefiguração do conceitualismo.
Entretanto o artista sobreviveu
ao interesse passageiro, mantendo trajetória coerente. Em 1996,
foi um dos destaques da Bienal de
São Paulo, desmaterializando
uma enorme esfera vermelha
diante dos olhos do público.
As teias lançadas pela imaginação sobre o vazio continuam nos
surpreendendo ao consolidarmos
instintivamente as diáfanas construções de Soto.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Panorâmica - Bienal do Livro: Feira em SP registra aumento de público; maioria visita pela primeira vez Índice
|