São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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ANÁLISE

Venezuelano mobiliza limites com ilusão

FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA

Soto mobiliza os limites criados pela fantasia. Ao longo de meio século de produção, transitou da Venezuela para a história da arte com obras de admirável ilusionismo.
Durante os anos 50, ele foi um dos sul-americanos a preservar a tradição do modernismo construtivista da onda de abstração informal que dominava o Atlântico Norte.
Junto com Soto, o compatriota Cruz-Diez, o grupo Madí em Buenos Aires, concretos paulistas e neoconcretos cariocas marcaram esse momento seminal da reflexão que garantiu o lugar ocupado pelo subcontinente na arte contemporânea internacional.
Desde as primeiras pinturas, Soto dispunha figuras geométricas separadas a fim de induzir a uma compensação cerebral que as ligava de maneira involuntária. A obra incluía, assim, a participação mental do espectador.
Os anos 60 levaram Soto à cena parisiense e, de lá, para o debate sobre o destino do modernismo. Os detratores da arte pop viram nele a ocasião de teorizar sobre o futuro da abstração: a geração de Warhol seria varrida pela expansão da rigorosa arte óptica. Já os artistas intelectuais identificaram nas ilusões mentais do "optical art" uma prefiguração do conceitualismo.
Entretanto o artista sobreviveu ao interesse passageiro, mantendo trajetória coerente. Em 1996, foi um dos destaques da Bienal de São Paulo, desmaterializando uma enorme esfera vermelha diante dos olhos do público.
As teias lançadas pela imaginação sobre o vazio continuam nos surpreendendo ao consolidarmos instintivamente as diáfanas construções de Soto.


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