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Pioneiro do mangá no Brasil ganha livro
Obra reúne cinco HQs de Claudio
Seto, filho de imigrantes japoneses
Quadrinista escolheu pessoalmente suas melhores histórias de samurai pouco antes de morrer, no ano passado
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1967, quando gigantes
como Tarzan, Fantasma e Tio
Patinhas dominavam as bancas
de jornais de todo o Brasil, um
desenhista de cartazes de liquidação das lojas Arapuã de Lins
(455 km a oeste de São Paulo)
roubou a cena. Era a estreia de
Claudio Seto (1944-2008), filho
de imigrantes japoneses, nascido na vizinha Guaiçara, desenhista de samurais.
Seu primeiro gibi, feito para a
editora Edrel, de São Paulo, já
destoava nas bancas por ser um
livro de 150 páginas, em vez das
usuais 36. Além disso, "O Samurai" fazia a felicidade da
criançada e dos adolescentes
por trazer sangue aos montes,
além de japonesas voluptuosas.
E, finalmente, havia o fato de
as histórias de vingança e de códigos de honra tratarem de um
universo japonês pouco conhecido, mas que já despertava interesse -"National Kid" começou a passar no Brasil em 1964.
"Claudio Seto é, sem dúvida,
o pai do mangá no Brasil", diz o
jornalista Gonçalo Júnior, autor de "A Guerra dos Gibis"
(Companhia das Letras), que
traça a história das histórias em
quadrinhos no Brasil. "Mais
que isso, ele é provavelmente o
primeiro a desenhar mangás no
Ocidente, fora do Japão. Na minha opinião, é o cara mais importante dos quadrinhos brasileiros até a década de 80."
E, mesmo assim, mesmo para leitores vorazes de mangás,
Claudio Seto não passa hoje de
um desconhecido. Foi para tentar mudar esse panorama que o
editor Toninho Mendes, da Jacarandá, pegou um avião para
Curitiba e pediu que Seto escolhesse as cinco melhores histórias de sua lavra.
"Ele entrou no escritório e
voltou meia hora depois com os
cinco gibis", lembra Toninho.
Seto ajudou ainda a escolher o
nome do livro e a capa e se
prontificou a escrever uma introdução para cada história. As
introduções são ouro puro:
""O Sósia" é um marco das
histórias que desenhei na década de 70. (...) As primeiras páginas ainda trazem os finos traços da pena (de metal) gillot
francesa, no estilo tradicional
bico de pena. Mas, depois, o uso
da pena caseira de bambu afiado (madeira) originou os traços
que seriam definitivos para o
gênero samurai."
Seto se mudou do interior de
São Paulo para Curitiba nos
anos 70. Ele estava de passagem pela cidade no histórico
17/7/1975, quando nevou -o
que o convenceu a ficar para
sempre. Lá, comandou um estúdio para a editora Grafipar
(leia na próxima página). Morreu lá em novembro passado,
após um AVC.
E é lá que, amanhã, às 20h,
um evento marca o lançamento
de "Flores Manchadas de Sangue", na praça do Japão (av. Sete de setembro, s/nº, Curitiba).
A meteorologia, infelizmente,
não prevê neve.
FLORES MANCHADAS DE
SANGUE
Autor: Claudio Seto
Lançamento: Devir/Jacarandá
Quanto: R$ 28 (128 págs.)
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