São Paulo, quarta-feira, 06 de maio de 2009

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Pioneiro do mangá no Brasil ganha livro

Obra reúne cinco HQs de Claudio Seto, filho de imigrantes japoneses

Quadrinista escolheu pessoalmente suas melhores histórias de samurai pouco antes de morrer, no ano passado


IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1967, quando gigantes como Tarzan, Fantasma e Tio Patinhas dominavam as bancas de jornais de todo o Brasil, um desenhista de cartazes de liquidação das lojas Arapuã de Lins (455 km a oeste de São Paulo) roubou a cena. Era a estreia de Claudio Seto (1944-2008), filho de imigrantes japoneses, nascido na vizinha Guaiçara, desenhista de samurais.
Seu primeiro gibi, feito para a editora Edrel, de São Paulo, já destoava nas bancas por ser um livro de 150 páginas, em vez das usuais 36. Além disso, "O Samurai" fazia a felicidade da criançada e dos adolescentes por trazer sangue aos montes, além de japonesas voluptuosas.
E, finalmente, havia o fato de as histórias de vingança e de códigos de honra tratarem de um universo japonês pouco conhecido, mas que já despertava interesse -"National Kid" começou a passar no Brasil em 1964. "Claudio Seto é, sem dúvida, o pai do mangá no Brasil", diz o jornalista Gonçalo Júnior, autor de "A Guerra dos Gibis" (Companhia das Letras), que traça a história das histórias em quadrinhos no Brasil. "Mais que isso, ele é provavelmente o primeiro a desenhar mangás no Ocidente, fora do Japão. Na minha opinião, é o cara mais importante dos quadrinhos brasileiros até a década de 80."
E, mesmo assim, mesmo para leitores vorazes de mangás, Claudio Seto não passa hoje de um desconhecido. Foi para tentar mudar esse panorama que o editor Toninho Mendes, da Jacarandá, pegou um avião para Curitiba e pediu que Seto escolhesse as cinco melhores histórias de sua lavra. "Ele entrou no escritório e voltou meia hora depois com os cinco gibis", lembra Toninho.
Seto ajudou ainda a escolher o nome do livro e a capa e se prontificou a escrever uma introdução para cada história. As introduções são ouro puro: ""O Sósia" é um marco das histórias que desenhei na década de 70. (...) As primeiras páginas ainda trazem os finos traços da pena (de metal) gillot francesa, no estilo tradicional bico de pena. Mas, depois, o uso da pena caseira de bambu afiado (madeira) originou os traços que seriam definitivos para o gênero samurai."
Seto se mudou do interior de São Paulo para Curitiba nos anos 70. Ele estava de passagem pela cidade no histórico 17/7/1975, quando nevou -o que o convenceu a ficar para sempre. Lá, comandou um estúdio para a editora Grafipar (leia na próxima página). Morreu lá em novembro passado, após um AVC.
E é lá que, amanhã, às 20h, um evento marca o lançamento de "Flores Manchadas de Sangue", na praça do Japão (av. Sete de setembro, s/nº, Curitiba). A meteorologia, infelizmente, não prevê neve.


FLORES MANCHADAS DE SANGUE

Autor: Claudio Seto
Lançamento: Devir/Jacarandá
Quanto: R$ 28 (128 págs.)



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