São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2010

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Pavilhão em Veneza explora Brasília

Projeto de Ricardo Ohtake, escolhido para representar o Brasil na Bienal, homenageia arquitetura da capital brasileira

Obras de Mário Bizeli, Ângelo Bucci, Daniel Corsi e Marcos Boldarini serão expostas na 12ª edição do evento a partir de agosto

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

As comemorações dos 50 anos de Brasília irão se estender à 12ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza, programada para ser aberta ao público no dia 29 de agosto. Na última segunda-feira, a Fundação Bienal de São Paulo escolheu o projeto de Ricardo Ohtake, diretor do Instituto Tomie Ohtake, para o pavilhão brasileiro, que terá como tema Brasília e seus desdobramentos.
O Brasil é um dos últimos países a definir o conteúdo de seu pavilhão, segundo o site da Bienal de Veneza. Das 56 representações nacionais programadas para a mostra, até ontem também não tinham definições os representantes de outros cinco países: Venezuela, Marrocos, Espanha, Montenegro e San Marino.
Três propostas concorriam à ocupação do pavilhão brasileiro. O vencedor foi escolhido por uma comissão de três membros da direção da Bienal. "A ideia de homenagear Brasília foi, segundo a fundação, do embaixador do Brasil em Roma. Minha sugestão foi apresentar seus desdobramentos em projetos e obras de quatro arquitetos de gerações distintas", disse Ohtake, à Folha. Os demais arquitetos brasileiros selecionados para o pavilhão em Veneza são: Mário Bizeli, Ângelo Bucci, Daniel Corsi e Marcos Boldarini.
Em sua proposta, defender Brasília, Ohtake afirma que "a mudança da capital foi um ato político ousado e que teve como resultado uma cidade moderna, não havendo no mundo nada como ela, no tamanho dela, e mostrando o seu significado eloquente, apesar de toda a crítica que Brasília sofreu, dentro e fora do país".
"Todo arquiteto do mundo deve um tributo a Oscar Niemeyer e é um privilégio ter o reconhecimento de que as construções que fazemos têm relação com a arquitetura moderna brasileira, tão bem representada por Niemeyer. Sinto-me confortável e confortado em pertencer a essa tradição", disse Bucci, 46.
Um dos projetos de Ângelo Bucci que Ohtake apresentou na proposta vencedora foi a Midiateca da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), que atualmente está em fase de arrecadação de recursos. Também se encontra na mesma situação o projeto de Daniel Corsi, para o Museu de Ciências da Unicamp, que o arquiteto venceu em um concurso público internacional, no ano passado, e também foi incluído na proposta de Ohtake.
"Nem os arquitetos sabiam que estavam concorrendo à Veneza, precisei recorrer a amigos para conseguir imagens de projetos deles. Agora, estou comunicando os arquitetos e juntos vamos definir como será a apresentação de seus projetos", conta Ohtake.
A onipresença de Niemeyer, que segue elaborando projetos aos 102 anos, não incomoda os escolhidos para representar o país junto com ele. "A arquitetura brasileira sempre contou a história do país. Brasília foi assim e nossa pesquisa tem muito a ver com isso, em pensar o significado da arquitetura e da cultura que ela expressa", afirma Corsi, 29.
A 12ª Bienal de Arquitetura de Veneza tem como tema "As Pessoas se Encontram na Arquitetura" ("People Meet in Architecture"), com direção da arquiteta japonesa Kazuyo Sejima, que recentemente recebeu o prêmio de arquitetura Pritzker Architecture Prize, junto com Ryue Nishizawa.
Sejima é responsável por uma mostra que ocorre no Palazzo delle Esposizioni e no Arsenale. A exposição, com 43 participantes, conta com engenheiros, escritórios de arquitetura, como Herzog & De Meuron, que projetaram o Teatro da Dança, em São Paulo, além de artistas como Luisa Lambri, Thomas Demand e Olafur Eliasson. Do Brasil, a única selecionada foi a arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992).


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