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Pavilhão em Veneza explora Brasília
Projeto de Ricardo Ohtake, escolhido para representar o Brasil na Bienal, homenageia arquitetura da capital brasileira
Obras de Mário Bizeli, Ângelo Bucci, Daniel Corsi e Marcos Boldarini serão expostas na 12ª edição do evento a partir de agosto
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
As comemorações dos 50
anos de Brasília irão se estender à 12ª Bienal Internacional
de Arquitetura de Veneza, programada para ser aberta ao público no dia 29 de agosto. Na última segunda-feira, a Fundação
Bienal de São Paulo escolheu o
projeto de Ricardo Ohtake, diretor do Instituto Tomie Ohtake, para o pavilhão brasileiro,
que terá como tema Brasília e
seus desdobramentos.
O Brasil é um dos últimos
países a definir o conteúdo de
seu pavilhão, segundo o site da
Bienal de Veneza. Das 56 representações nacionais programadas para a mostra, até ontem
também não tinham definições
os representantes de outros
cinco países: Venezuela, Marrocos, Espanha, Montenegro e
San Marino.
Três propostas concorriam à
ocupação do pavilhão brasileiro. O vencedor foi escolhido
por uma comissão de três
membros da direção da Bienal.
"A ideia de homenagear Brasília foi, segundo a fundação, do
embaixador do Brasil em Roma. Minha sugestão foi apresentar seus desdobramentos
em projetos e obras de quatro
arquitetos de gerações distintas", disse Ohtake, à Folha. Os
demais arquitetos brasileiros
selecionados para o pavilhão
em Veneza são: Mário Bizeli,
Ângelo Bucci, Daniel Corsi e
Marcos Boldarini.
Em sua proposta, defender
Brasília, Ohtake afirma que "a
mudança da capital foi um ato
político ousado e que teve como resultado uma cidade moderna, não havendo no mundo
nada como ela, no tamanho dela, e mostrando o seu significado eloquente, apesar de toda a
crítica que Brasília sofreu, dentro e fora do país".
"Todo arquiteto do mundo
deve um tributo a Oscar Niemeyer e é um privilégio ter o
reconhecimento de que as
construções que fazemos têm
relação com a arquitetura moderna brasileira, tão bem representada por Niemeyer. Sinto-me confortável e confortado
em pertencer a essa tradição",
disse Bucci, 46.
Um dos projetos de Ângelo
Bucci que Ohtake apresentou
na proposta vencedora foi a
Midiateca da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-RJ), que atualmente está em fase de arrecadação de recursos. Também se
encontra na mesma situação o
projeto de Daniel Corsi, para o
Museu de Ciências da Unicamp, que o arquiteto venceu
em um concurso público internacional, no ano passado, e
também foi incluído na proposta de Ohtake.
"Nem os arquitetos sabiam
que estavam concorrendo à
Veneza, precisei recorrer a
amigos para conseguir imagens
de projetos deles. Agora, estou
comunicando os arquitetos e
juntos vamos definir como será
a apresentação de seus projetos", conta Ohtake.
A onipresença de Niemeyer,
que segue elaborando projetos
aos 102 anos, não incomoda os
escolhidos para representar o
país junto com ele. "A arquitetura brasileira sempre contou a
história do país. Brasília foi assim e nossa pesquisa tem muito a ver com isso, em pensar o
significado da arquitetura e da
cultura que ela expressa", afirma Corsi, 29.
A 12ª Bienal de Arquitetura
de Veneza tem como tema "As
Pessoas se Encontram na Arquitetura" ("People Meet in
Architecture"), com direção da
arquiteta japonesa Kazuyo Sejima, que recentemente recebeu o prêmio de arquitetura
Pritzker Architecture Prize,
junto com Ryue Nishizawa.
Sejima é responsável por
uma mostra que ocorre no Palazzo delle Esposizioni e no Arsenale. A exposição, com 43
participantes, conta com engenheiros, escritórios de arquitetura, como Herzog & De Meuron, que projetaram o Teatro
da Dança, em São Paulo, além
de artistas como Luisa Lambri,
Thomas Demand e Olafur
Eliasson. Do Brasil, a única selecionada foi a arquiteta Lina
Bo Bardi (1914-1992).
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