São Paulo, sexta-feira, 06 de maio de 2011

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VIVIAN WHITEMAN - ultima.moda@grupofolha.com.br

Efeito fantasma

COM NOVA ESTILISTA, GRIFE CRIADA POR ALEXANDER MCQUEEN VIVE ONDA DE POPULARIDADE E PERDE VIÉS CONTESTADOR

Desde que o estilista Alexander McQueen se enforcou com seu cinto de couro preferido no armário de casa, em fevereiro de 2010, sua grife vem passando por um intenso processo de valorização e aumento de vendas.
A escalada de prestígio da marca alcançou um pico neste mês, quando Kate Middleton se casou com o príncipe William usando um vestido de noiva McQueen.
Nesta semana, o estilista também foi o tema do baile anual de gala do Metropolitan Museum of Art, em Nova York. O museu inaugurou na última quarta a exposição "Savage Beauty" (Beleza Selvagem), que reúne peças, looks e vídeos dos desfiles McQueen desde os anos 90.
"A estratégia que está sendo usada para trabalhar a grife McQueen é emocional, devido ao choque que sua morte causou. A mostra num museu e todas as homenagens são formas de vender produtos", diz Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria e Conhecimento, especializada em gestão do luxo.
O vestido da duquesa e as últimas coleções da McQueen foram desenhadas por Sarah Burton, ex-assistente do designer. Ela foi escolhida pelo grupo de investimentos PPR, que possui 51% da marca, como nova diretora de criação da grife.
"Kate Middleton vestiu McQueen porque era de bom tom usar uma grife inglesa de aura moderna. Mas só o fez porque Alexander está morto, e ela não precisou lidar com a ousadia dele", diz Camila Toledo, diretora de tendências do birô StyleSight.
O papel de Sarah Burton se encaixa nessa estratégia de reproduzir o estilo McQueen em versão água com açúcar, sem as polêmicas de seus desfiles-performance que abordavam temas como religião e mutações corporais.
"No futuro, a McQueen deve virar uma Balenciaga. Ninguém lembra bem quem foi Cristobal Balenciaga (1895-1972), mas a marca é forte", avalia o estilista Jum Nakao.
Quando vivo, Alexander McQueen foi admirado por muitas, mas vestido por poucas, entre elas, Daphne Guiness, herdeira da cervejaria Guiness, e Lady Gaga. "A depressão que ele teve antes de morrer tinha a ver com a crescente falta de espaço para espetáculos fantásticos. O teatro fashion morreu com Alexander, resta tocar os negócios", diz a empresária e consultora Costanza Pascolato.

Casamento real impulsiona grife e ações da PPR

Depois da morte de Alexander McQueen, houve uma corrida às lojas e aos leilões via web para arrematar peças assinadas pelo estilista. Itens mais baratos, como as echarpes com a famosa caveira-símbolo do estilista (custavam cerca de R$ 400), sumiram do mapa.
O grupo PPR não divulga números exatos, mas afirma que, no ano passado, a McQueen teve um crescimento de vendas em todas as suas linhas de produtos, fato que não ocorria há anos. E, após o casamento real, as expectativas aumentaram.
Na semana passada, graças à cerimônia que uniu Kate Middleton e o príncipe William, a grife McQueen foi um dos termos de moda mais buscados na web.
Além disso, os vestidos McQueen, tanto os novos quanto os vintage, foram os mais comentados no baile do Met. As tops Gisele Bündchen, Naomi Campbell e Karen Elson, além da editora da "Vogue" Japão, Anna Dello Russo, e da atriz Salma Hayek (mulher de Francois-Henri Pinault, dono da PPR) usaram looks da grife.
Também na semana passada, as ações da PPR subiram 2,2%, para 120,8 euros. Os números ficaram acima das expectativas dos analistas, segundo dados da agência Bloomberg. As vendas do grupo cresceram 9,1%, totalizando 3,7 bilhões de euros no primeiro trimestre.

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com PEDRO DINIZ


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