NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

N ão podia acabar bem, como não acabou, uma temporada que começou recusando um novo musical de Stephen Sondheim. O criador de "Company", reconhecido como o maior herdeiro de Cole Porter e cia., viu seu "Wise Guys" sem lugar nos grandes teatros da Broadway depois dos ensaios abertos realizados Off Broadway, em meados de 99.
Não só ele. Até Sir Andrew Lloyd Weber, de "Cats", viu seu "By Jeeves" rejeitado, bem como a dupla Boublil e Schonberg, de "Les Misérables", que não viabilizou "Martin Guerre". Sobrou "Contact", que ganhou o Tony, mas nem musical é.
O próprio espetáculo se define como "dance play", uma peça de dança quase sem diálogos, com três enredos que se erguem sobre coreografias e um pot-pourri que vai dos Beach Boys a Grieg -em "playback", sem orquestra nem banda. Só entrou como musical após muita discussão e a costumeira acomodação dos Tonys.
Por outro lado, aquele que seria o grande musical do ano, "Aída", nova produção da Disney, enfrentou problemas de enredo e direção desde as primeiras versões, fora de Nova York, e nem concorreu ao Tony da categoria.
Ainda assim, Elton John (música) e Tim Rice (letras) levaram o almejado prêmio de melhor partitura -que não apareceram para receber. E Heather Headley, a jovem leoa de "Lion King", firmou-se no panteão das estrelas da Broadway com o Tony de melhor atriz, no papel-título de "Aída".
Como tendência de produção, a temporada 99/2000 confirmou, até com um Tony para "teatro regional", concedido ao Shakespeare Festival de Utah, a crescente dependência que a Broadway criou dos teatros sem fins lucrativos, mantidos em grande parte com recursos públicos.
Não apenas os chamados teatros regionais, como o de Atlanta (que co-produziu "Aída"), mas também os nova-iorquinos (Lincoln Center, de "Contact", Public, de "Wild Party", Playwrights Horizon, de "James Joyce's The Dead") e até os ingleses (National, que co-produziu "Copenhagen") sustentam hoje com subvenção estatal a antes orgulhosamente comercial Broadway.



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