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Diretor quer fazer uma comédia romântica
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos 56 anos, o diretor Mark Jonathan Harris já colecionou três
Oscar, todos eles com documentários. O primeiro, "The Redwoods", de 68, é um curta-metragem sobre um parque nacional de
sequóias na Califórnia. Em 97, levou sua segunda estatueta pelo filme "O Longo Caminho para Casa", a respeito da vida dos sobreviventes de campos de concentração após a guerra. Em 2000, venceu com o longa que estréia hoje.
Mesmo fazendo sucesso com
assuntos tão sérios, Harris não
acha que documentários devam
tratar apenas de dramas sociais.
"Mas só me contratam para fazer
filmes sérios", conta abaixo.
(IF)
Folha - Qual é a maior dificuldade
em contar uma história como a do
"kindertransport"?
Mark Jonathan Harris - Achar os
melhores entrevistados. Encontramos um homem na Austrália
que queríamos muito incluir no
filme, mas infelizmente ele morreu antes. Norbert Wollheim, o
organizador do "kindertransport" em Berlim, morreu seis semanas após o entrevistarmos.
Duas outras pessoas, Lorraine
Allard e Jack Hellman, morreram
no ano seguinte. Então me sinto
afortunado por ter conseguido
gravar essas memórias a tempo.
Folha - Seus filmes que ganharam
Oscar em 97 e 2000 são sobre sobreviventes do Holocausto nazista.
Por que o mesmo assunto?
Harris - Eu sou judeu, de terceira
geração na América. E a história
judaica no século 20, de horror
sem precedentes, é bastante significativa para mim. Nos dois filmes, eu estava interessado em como pessoas reconstroem suas vidas após os campos de concentração e o trauma de separação.
Folha - Todos os últimos vencedores de Oscar de documentário têm
sido filmes sobre problemas raciais
ou tragédias ocasionadas por esses
problemas. Por que esses filmes estão sendo premiados?
Harris - A Academia tem um histórico de premiar filmes que eles
considerem "válidos" ou "importantes", o que significa assuntos
sérios. O Holocausto certamente
faz parte disso, mas não acredito
que todos os documentários devam tratar de assuntos sociais.
Folha - O sr. acha que hoje em dia
há espaço para diversão nos documentários?
Harris - Eu acho que os documentários podem ser tão divertidos quanto os filmes de ficção. Eu
dou aulas de documentário na
University of Southern California.
Meus alunos fazem filmes de todo
o tipo. Sobre rock'n'roll, sexo,
suas famílias, bichos de estimação. E esses filmes são muitas vezes muito divertidos. Eu mesmo
gostaria de fazer uma comédia romântica um dia, mas atualmente
as pessoas parecem me contratar
apenas para fazer filmes sérios.
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