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Música
"Foi dificílimo convencer o Roberto"
Segundo Zuza Homem de Mello, um dos curadores do evento, o triângulo Tom-Caetano-Rei "jamais poderá ser repetido"
Roberto Carlos, que rompeu com a bossa nova ainda no começo da carreira, cantará músicas do maestro sozinho e em parceria com Caetano
DA REPORTAGEM LOCAL
Um raro encontro entre Roberto Carlos e Caetano Veloso
nos palcos, para homenagear
Tom Jobim, foi anunciado ontem como destaque da programação que comemora os 50
anos da bossa nova.
Os três shows da dupla em
homenagem ao maestro -dois
em São Paulo, no Auditório Ibirapuera, e um no Rio, no Teatro
Municipal, em agosto- vêm se
juntar ao já anunciado retorno
de João Gilberto aos palcos como as principais atrações do
50º aniversário do gênero.
Além destes shows, haverá
uma exposição sobre o movimento na Oca, no parque Ibirapuera, em São Paulo. Será aberta em 7 de julho e ficará dois
meses em cartaz.
Se Caetano é velho tributário
da bossa nova e sempre cita
João Gilberto e Tom Jobim, a
presença de Roberto Carlos na
homenagem é surpreendente:
não apenas porque o Rei não é
afeito a shows conjuntos e a repertórios que não sejam de sua
autoria, mas também porque
ele rompeu com a bossa nova
de seu início de carreira após
ter sido criticado à época.
"Foi dificílimo convencê-lo a
fazer um show cantando só
Tom. Esse "triângulo" jamais
poderá ser repetido", diz o crítico musical Zuza Homem de
Mello, um dos curadores do
evento. "Acho que ele topou
porque o homenageado é o
Tom. Roberto deve cantar um
mínimo de seis canções sozinho, mais umas com o Caetano", diz Monique Gardenberg,
que assina a produção da série
de eventos.
Segundo os organizadores,
foi oferecida uma lista de dez
canções de Jobim para Roberto
escolher o que quer cantar (ele
ainda não o fez). Entre as sugeridas, estão "Por Causa de Você", célebre parceria do maestro com Dolores Duran, e um
dueto com Caetano em "Eu Sei
que Vou te Amar". O "sonho"
da produção, no entanto, é reproduzir a parceria de Roberto
com Tom em "Lígia" (veja quadro ao lado), tendo ao piano o
neto do maestro, Daniel Jobim.
Roberto e Caetano serão
acompanhados por 30 músicos,
regidos por Jaques Morelenbaum. Os cenários serão criados por Daniela Thomas, e a direção será de Felipe Hirsch.
Jovens cantam Donato
Além das reverências aos
dois principais expoentes da
bossa nova, João Gilberto e
Tom Jobim, a série de eventos
celebrará o compositor João
Donato com três concertos em
julho. Eles reunirão Fernanda
Takai, Marcelo Camelo, Marcelo D2, Roberta Sá, Bebel Gilberto e outros em versões de clássicos de Donato, junto com a
Orquestra Ouro Negro.
"A obra de Donato ficou, de
certa forma, no porão da MPB.
Ele criou temas, não canções, e,
quando esses temas musicais
receberam letras, sua obra veio
à tona e estimulou a juventude
a retroceder à bossa nova", diz
Mello. Para o colunista da Folha Nelson Motta, autor do roteiro do tributo, "Donato é um
dos fundadores da moderna
música brasileira que nasce
com a bossa nova".
Fora do eixo Rio-São Paulo,
uma turnê de Miúcha e Os Cariocas passará por sete capitais,
ainda não confirmadas.
A série de eventos (aberta
com um show em Ipanema, no
Rio, em março) está orçada em
cerca de R$ 20 milhões e é patrocinada pelo Banco Itaú. Entre os curadores, além de Motta, Mello e Gardenberg, estão o
antropólogo Hermano Vianna,
o músico Zé Nogueira, o jornalista Hugo Sukman, o designer
Marcello Dantas, o videomaker
Carlos Nader e o produtor musical Pedro Albuquerque.
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