Sai o novo disco de um dos nomes centrais do "neo-soul", "Live from Philadelphia"

O cantor, que já ganhou cinco prêmios Grammy, também prepara disco de inéditas, com convidados como Andre 3000

ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA

Seu nome, John Legend (lenda, em inglês), tem um quê de pretensioso. Mas, para alguém que vendeu 3 milhões de cópias de seu primeiro disco ("Get Lifted", de 2004), ganhou cinco Grammys, tem entre seus fãs declarados Prince, Lauryn Hill e Stevie Wonder e é considerado um dos principais nomes do "neo-soul", até que o cantor, compositor e pianista norte-americano soa modesto.
Pelo menos foi assim que Legend se comportou durante entrevista por telefone à Folha, 15 minutos durante os quais ele deveria falar a respeito de seu mais recente lançamento no Brasil, o disco ao vivo "Live from Philadelphia". Mas foi sobre o quarto, e muito aguardado álbum, "Evolver", que ele contou diversas novidades.
No CD, que sai em setembro, Legend retoma a parceria com o rapper (e padrinho) Kanye West, que divide a produção das faixas com will.i.am e Pharrell Williams -os produtores mais importantes e cobiçados dos EUA atualmente.
Entre os convidados, está o rapper Andre 3000 (Outkast), que declarou em entrevista que "Evolver" será "uma surpresa para quem gosta de Legend".
"Fiz coisas que nunca tinha feito antes", diz o cantor.
Mas, os fãs de suas músicas românticas, com vocal soul sobre timbres de hip hop, não precisam se preocupar. "De certa maneira, é o mesmo John Legend que as pessoas conhecem. Não há uma mudança dramática como compositor e cantor", afirma. "Mas fizemos mudanças nos arranjos e na instrumentação", descreve Legend. "Introduzimos elementos eletrônicos, que se mesclam aos sons orgânicos. O disco está mais up-tempo [com batidas mais rápidas] do que os anteriores."
John Legend encabeça a nova onda "neo-soul" ao lado da dupla Gnarls Barkley e da cantora Corine Bailey Rae, além de Beyoncé e Mary J.Blige -sem contar ainda ingleses como Joss Stone. Em comum, estão as influências da soul music das décadas de 1960 e 70, em produções que utilizam inclusive samples dessa época.
No caso de Legend, que como muitos artistas de soul estreou interpretando música gospel, pesa ainda uma forte ligação com o hip hop. Foi tocando piano em faixas de Lauryn Hill ou Jay-Z que ele primeiro se destacou. E seu "hype" veio, em boa parte, graças a parceria com Kanye West.
"Sou cantor, não rapper", fala Legend. "Sempre me dediquei a tocar piano e escrever músicas. Mas minhas composições, às vezes, têm elementos do rap, assim como de soul, jazz, pop. Tenho muito orgulho de fazer parte da comunidade hip hop que, para mim, é um dos gêneros musicais mais importantes hoje, porque é fonte de inovação, de rebelião."
Sobre o disco ao vivo, bem, ele tem músicas de seus dois álbuns, participação de Corinne Bailey Rae e covers. Um aperitivo para o que vem por aí.