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LITERATURA
Bom-humor marca participação dos poetas nos Encontros com a Literatura Latino-Americana Contemporânea
Rojas e Gullar divertem platéia no Rio
IRINEU FRANCO PERPETUO
enviado especial ao Rio
Gracejos, elogios mútuos e leitura de poemas marcaram a participação dos poetas Gonzalo Rojas e
Ferreira Gullar nos Encontros
com a Literatura Latino-Americana Contemporânea, no Centro
Cultural Banco do Brasil, no Rio.
Não poderia haver contraste
mais abrupto entre o clima ameno
do encontro de quinta-feira e a
tensão da véspera, em que a escritora cubana Zoé Valdés melindrou-se quando sua posição política anticastrista foi questionada
por membros da platéia.
Aos 80 anos, Rojas é uma espécie
de decano desse evento. Todas as
noites, seu nome é mencionado
com reverência pelos palestrantes.
Laureado com alguns dos principais prêmios da literatura em
língua espanhola, como o Cervantes, o poeta chileno deu aulas na
ex-Alemanha Oriental e Venezuela, lecionando atualmente na Universidade de Utah (EUA).
A não ser em antologias, sua
obra ainda não foi traduzida no
Brasil. Por isso, foram distribuídas, na entrada da conferência, algumas traduções feitas por Suzana
Vargas, curadora do evento, que
tem mediado todos os debates.
Ferreira Gullar abriu a noite afirmando que, "felizmente", a poesia não tem mercado. "O mercado
é o desastre", disse, associando a
mercantilização da arte à queda de
qualidade.
Como Gullar, Rojas leu vários
textos, intermeando sua apresentação com comentários e narrando, de maneira bem-humorada,
os acontecimentos de sua vida que
teriam motivado seus versos.
Causou risos quando contou
que, aos 22 anos de idade, "não
havia Aids, a coisa era mais inocente", e ele frequentava bordéis
para jogar xadrez com as prostitutas. Enumerou Quevedo e Vallejo
como influências principais, também opinando sobre seus compatriotas mais célebres, como Huidobro e Neruda.
Por outro lado, criticou o desenvolvimento ulterior da poesia de
Neruda, quando o poeta abraçou a
esperança, passando a crer "no
progresso humano".
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