Lenise Pinheiro/Folha Imagem

O ator Guilherme Weber contracena com Taís Tedesco em cena de "A Vida É Cheia de Som e Fúria"

Felipe Hirsch e sua Sutil Cia. de Teatro, de Curitiba, trazem para SP adaptação do romance "Alta Fidelidade", de Nick Hornby

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

São apenas oito apresentações, mas o diretor Felipe Hirsch quer fazer barulho em sua primeira incursão pela cena paulistana. Escolheu uma montagem propícia ao inverno da cidade, quando, imagina, os corações solitários ficam mais à espreita: "A Vida É Cheia de Som e Fúria", que estréia hoje no Sesc Anchieta.
Carioca radicado em Curitiba, Hirsch, 28, fundou sua Sutil Cia. de Teatro em 1993, ao lado do ator Guilherme Weber. Foram sete montagens em sete anos de trabalho, entre elas "Por um Novo Incêndio Romântico", de sua autoria, que levou ao Rio em 1999 e foi indicada para o Prêmio Shell.
Hirsch estreou "A Vida É Cheia de Som e Fúria" em Curitiba, em fevereiro passado. Um mês depois, o espetáculo encabeçava a lista da Folha das cinco melhores peças do Fringe, a mostra paralela do Festival de Curitiba.
Lista com cinco mais... Essa é uma das manias do protagonista da história adaptada do romance "Alta Fidelidade" ("Hight Fidelity", 1994), do escritor e roteirista britânico Nick Hornby, cuja versão homônima para o cinema estreou em março, nos EUA, com direção de Stephen Frears.
Rob Fleming lista desde as suas cinco melhores músicas da história, até as cinco melhores separações, passando pelas cinco melhores canções para o seu enterro.
Com 30 e poucos anos, ele se angustia pela "adultescência", imaturidade que se reflete nos relacionamentos. Rob passa boa parte da peça lamentando o abandono pela noiva Laura. Discorre sobre os melhores momentos do casal (em cenas de "flashback") e exerce a autocrítica amorosa, sem abrir mão de algumas alfinetadas no seu objeto do desejo.
O personagem divide seus sentimentos com a platéia, ora narrando, ora contracenando com a mãe, as namoradas, os amigos e, sobretudo, com as músicas.
Ele é DJ do Groucho Marx Club, na Londres do início da década, e possui uma loja que comercializa exclusivamente discos de vinil. Divide o culto ao pop com os amigos Dick e Barry.

Contra as Spice Girls
O trio não faz concessão para o que acreditam ser a mediocridade sonora em voga ontem, hoje e sempre. É emblemática a cena em que uma fã das Spice Girls é enxotada da loja ao perguntar pelo novo disco do grupo.
Daí a importância da trilha no espetáculo, criada pela dupla Rodrigo Barros Homem Del Rei e L.A. Ferreira, integrantes da banda punk curitibana Beijo aa Força. Eles fazem 76 inserções sampleadas de artistas como Elvis Costello, The Clash, Pixies, Beatles e The Jesus and Mary Chain.
"O público que gosta de música pop tem a sensação de que está diante de um show de rock. As cenas são pautadas o tempo todo pela música", afirma o ator Guilherme Weber, 25, que interpreta Rob Fleming. "É um musical no qual os atores não cantam."
O elenco original de dez atores teve três mudanças na temporada paulistana, mas os papéis principais foram mantidos. Erica Migon, que interpreta a mãe do protagonista, forma o núcleo da companhia com Weber e o diretor.
Felipe Hirsch, cenógrafo de primeira viagem, criou painéis com ícones do pop, como o vocalista do Nirvana, Kurt Cobain (morto em 1994), e o cantor e compositor Bob Dylan.
Também é adepto do filó (tecido transparente) que separa público e platéia e, às vezes, divide o espaço cênico.


Peça: A Vida É Cheia de Som e Fúria Texto: Nick Hornby Direção e adaptação: Felipe Hirsch Com: Sutil Cia. de Teatro (Maureen Miranda, Daniel Cardoso, Márcio Abreu, Caio Marques, Fabíola Werlang e outros Quando: estréia hoje, às 21h; qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h. Até 16/7 Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, região central, tel. 0/xx/11/ 256-2281) Quanto: R$ 15

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