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DANÇA
Cia. de Danças de Diadema estréia espetáculo hoje
"Rapxote" faz alegoria da dicotomia cultural do cotidiano de São Paulo
ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O novo espetáculo da Cia. de
Danças de Diadema, "Rapxote:
Eu Tiro um Cactus do Meio da
Rua", que estréia hoje no teatro
do Sesc Belenzinho, tem como
idéia básica a dicotomia urbana
que se evidencia hoje em São Paulo. Repartida entre centro e periferia, a cidade ocupada por culturas diversas serviu de ponto de
partida para os autores da coreografia, Ricardo Iazzetta e Sérgio
Rocha, criarem uma alegoria capaz de expressar tal realidade.
"A alusão ao cactus refere-se à
resistência permanente que a vida
num centro metropolitano exige", diz Iazzetta, que, além de bailarino e coreógrafo, também é
compositor, como Sérgio Rocha.
Criadores que vêm se destacando na dança independente de São
Paulo, a dupla representa um
pouco da realidade que a cidade
lhes impõem. Formado na Juilliard School de Nova York, Iazzetta já dançou em companhias
como a brasileira República da
Dança e a espanhola Lanonima
Imperial. Desde que voltou ao
Brasil, em 1995, vem atuando em
produções próprias ou de grupos
como o Tamanduá de Dança Teatro, dirigido por Takao Kusuno.
Como Iazzetta, o baiano Rocha
já estudou e trabalhou fora do
Brasil. Além de ter dançado em
grupos como o Vacilou Dançou,
do Rio de Janeiro, e o Cisne Negro, de São Paulo, ainda desenvolve habilidades musicais como
cantor e percussionista. À margem de subvenções ou de elencos
mais estabilizados, Iazzetta e Rocha lidam criativamente com um
meio de trabalho instável.
A convite de Ivonice Satie, que
dirige o Balé da Cidade de São
Paulo e a Cia. de Danças de Diadema, a dupla faz de "Rapxote" a
chance de criar para elenco numeroso e com base em técnica
acadêmica. Ao aproximar o rap,
como manifestação urbana, e o
xote, como expressão tradicional
do Nordeste brasileiro, destacam
as misturas culturais estimuladas
pelo cotidiano da cidade.
"O espetáculo compõe-se de várias cenas marcadas por musicalidades próprias. Ao juntar gêneros
distintos, buscamos captar o espírito de um fenômeno gerado na
metrópole. Muitas vezes, o pai de
um jovem paulista que pratica o
rap é um nordestino que mora na
periferia", diz Iazzetta.
Autores de "Adoniran", concebido quando compunham o trio
por eles fundado, o Três de Paus,
Iazzetta e Rocha também assinam
a direção musical de "Rapxote",
cujos arranjos e mixagens foram
feitos por Edson X e Mano Bap.
Aos 13 bailarinos da Cia. de
Danças de Diadema, somam-se,
na atual produção, os b-boys Well
e Breno Seam. Autênticos dançarinos de rua, vêm da Casa do Hip
Hop de Diadema, um referencial
para a cultura urbana paulista.
Espetáculo: Rapxote: Eu Tiro um Cactus
do Meio da Rua
Com: Cia. de Danças de Diadema
Quando: hoje e amanhã, 21h
Onde: teatro do Sesc Belenzinho (rua
Álvaro Ramos, 991; tel. 0/xx/11/6096-8143)
Quanto: de R$ 2 a R$ 10
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