São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2000


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MÚSICA
Um dos maiores grupos de punk rock tocam em SP amanhã; ainda haverá tarde de autógrafos e acústico em rádio
Stiff Little Fingers fazem show histórico

Divulgação
Integrantes do veterano grupo irlandês de punk rock Stiff Little Fingers, que toca na sexta em SP



ANDRÉ BARCINSKI
EDITOR DO FOLHATEEN

Chegou ontem ao Brasil, para um show único amanhã, às 20h, no Hangar 110 (r. Rodolfo Miranda, 110, Bom Retiro, tel. 0/xx/11/ 229-7442), a banda irlandesa Stiff Little Fingers. Qualquer um familiarizado com a história do movimento punk sabe que o SLF é, sem exagero, uma das maiores bandas do gênero.
Se a Inglaterra tinha o The Clash, a Irlanda do Norte tinha o Stiff Little Fingers, a mais política das bandas punks do país. O SLF começou em 1976 como uma banda de bar, tocando covers de rock americano. Na época, o grupo, liderado pelo guitarrista e cantor Jake Burns, ainda era chamado Highway Star, em homenagem à famosa música da banda de hard rock Deep Purple.
Em 1977, dois acontecimentos cruciais mudaram a vida de Burns: o primeiro foi o lançamento do LP de estréia do Clash. O segundo foi um show do Clash em Belfast. "Depois de ver o Clash ao vivo, eu decidi que precisava parar de tocar covers de outras bandas e fazer nossa própria música", disse Jake Burns, por telefone, à Folha, de sua casa na Inglaterra.
"O Clash falava sobre os problemas reais do dia-a-dia, sobre as coisas que nos afligiam. Nos pubs de Belfast, eu costumava tocar músicas dos Eagles, que não tinham nada a ver com a minha realidade. Elas falavam do sol da Califórnia, de carrões passeando pela orla. Enquanto isso, nós morávamos num buraco, passávamos o dia inteiro trabalhando numa fábrica e a noite enchendo a cara em um bar."
Jake mudou o nome da banda para Stiff Little Fingers ("dedos mindinhos duros", nome de uma música do grupo punk Vibrators) e começou a fazer punk rock de protesto, músicas enfezadas sobre os conflitos religiosos na Irlanda do Norte e a dureza da vida proletária.
O primeiro LP do SLF, "Inflammable Material" (1979), é um clássico do punk rock, um discaço que não fica a dever ao Clash ou aos Sex Pistols em seus melhores momentos. "Foi um disco muito elogiado na época e muito influente", diz Burns. Entre os fãs do LP estava um certo Bono Vox, que, anos depois, diria que a faixa "Alternative Ulster" fora uma das maiores influências do U2.
Assim como outras bandas da primeira geração do punk, como Buzzcocks e Stranglers, o SLF continuou a excursionar e a lançar discos nesses últimos 20 anos. Depois de muitas mudanças de formação (Burns é, hoje, o único membro original), a banda estabilizou-se com Burns, Bruce Foxton (ex-The Jam) no baixo, Ian McCallum na guitarra e Steve Grantley na bateria. É essa a formação que vem ao Brasil.
"Nossa visita ao Brasil foi uma surpresa", diz Burns. "Gostaríamos de fazer uma excursão mais longa, mas os promotores disseram que não somos muito conhecidos por aí e eles preferiram fazer um show só." Depois do show de amanhã, em São Paulo, a banda segue para a Argentina.
A curta programação do Stiff Little Fingers no Brasil inclui uma tarde de autógrafos amanhã, às 14h, na loja London Calling (r. 24 de Maio 116, loja 15, centro, tel. 0/ xx/11/223-5300), e um pequeno show acústico, também amanhã, às 16h, na rádio Brasil 2000 FM (107,3 MHz ou www.brasil2000.com.br). Os ingressos para o show custam R$ 30, na porta, ou R$ 25, antecipados, na loja Hanx! (r. 24 de Maio, 62, loja 342, tel. 0/ xx/11/220-7705). É bom aproveitar, porque bandas como esta raramente passam por aqui.


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