Emmanuel Pahud teme clima da cidade, mas faz performance convincente no Festival de Campos do Jordão

O QUE SE VIU FOI UMA PERFORMANCE INCANDESCENTE, NA QUAL PAHUD MOSTROU UM REFINAMENTO FORA DO COMUM

IRINEU FRANCO PERPETUO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO

O flautista franco-suíço Emmanuel Pahud, 41, da Filarmônica de Berlim, foi o grande destaque do concerto de abertura do 41º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, no último sábado à noite, no Auditório Claudio Santoro.
Antes de subir ao palco com sua flauta Brannen Brothers de ouro 14 quilates, acompanhado pela Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), regida pelo uruguaio Carlos Kalmar, 52, da Sinfônica de Oregon (EUA), Pahud se queixava das dificuldades de respiração causadas pela altitude de Campos do Jordão.
Além disso, a acústica notoriamente seca do auditório pode sempre intimidar quem nunca se apresentou por lá.
O que se viu, contudo, foi uma performance incandescente do concerto para flauta do compositor romântico alemão Carl Reinecke (1824-1910), na qual Pahud mostrou inacreditável volume sonoro e um refinamento musical fora do comum.

PROGRAMA EXTENSO
Longo, o programa teve o Hino Nacional Brasileiro (que Kalmar regeu sem ensaio), repetindo, de resto, os itens tocados na quinta e na sexta-feira na Sala São Paulo, com a abertura "Carnaval Romano", de Berlioz, e a sétima sinfonia de Dvorák.
A sinfônica tocou ainda "O Livro dos Sons", encomenda da Osesp ao compositor paulista Rodolfo Coelho de Souza, nascido em 1952, cujo segundo movimento mistura sons eletrônicos com a performance ao vivo da orquestra no palco.
O sol que fez no domingo estimulou o público a comparecer aos concertos ao ar livre na Praça do Capivari.
Às 12h30, João Maurício Galindo regeu a Orquestra Jovem do Estado, enquanto, com quase meia hora de atraso, a Sinfônica de Sergipe, dirigida por Guilherme Mannis e tendo como convidado o violinista Daniel Guedes, fez a apresentação que estava programada originalmente para começar às 16h.
Pouco antes, às 15h30, a acústica cheia de eco da Igreja Santa Terezinha recebeu o Coral Jovem do Estado, com regência de Naomi Munakata e Nibaldo Araneda.
Dentre as performances do domingo, a que mais chamou a atenção foi a do violonista Fabio Zanon, que, acompanhado pela Orquestra Jovem do Estado, fez a estreia brasileira da "Serenata para Violão e Orquestra" de Mario Castelnuovo-Tedesco (1895-1968).
Zanon defendeu a colorida criação do compositor italiano com domínio técnico, maturidade e convicção.