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PÉS NA CONTRAMÃO
Mãe do bailarino formou Cullberg Ballet
Opressão e contradições humanas são os temas prediletos de Mats Ek
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Em suas releituras de clássicos,
Mats Ek descarta a luta entre o
bem e o mal para se deter nas contradições humanas. Essa característica se revelou desde o início de
sua carreira como coreógrafo, em
1973, quando criou "The Officer's
Servant". A princípio interessado
em temas sobre a opressão, Ek
produziu obras como "Soweto",
sobre a segregação racial, e "A Casa de Bernarda Alba", inspirada
em García Lorca.
Em 1982, Ek estreou uma obra-prima de seu repertório: o balé
"Giselle", no qual transformou a
camponesa da versão original em
uma mulher moderna na busca
por emancipação.
Quando reinterpretou "O Lago
dos Cisnes", a partir do original
assinado por Marius Petipa e Lev
Ivanov em 1895, Ek já tinha consolidado sua linguagem renovadora, que inaugurou uma nova
fase na dança sueca.
Ao revelar seu talento, Ek expandiu o panorama que sua mãe
havia descortinado para a Suécia
a partir de 1939, quando ela formou o Cullberg Ballet.
Nascida em 1908, Birgit Cullberg formou-se em balé clássico e
literatura. Porém foi a dança expressionista alemã que moldou
sua personalidade artística.
Impressionada pelo balé "A
Mesa Verde", que Kurt Joos e seu
grupo apresentaram na Suécia no
início dos anos 30, Birgit decidiu
estudar com esse coreógrafo alemão na escola Dartington Hall, situada em Devos, Inglaterra.
Em 1939, ao retornar para a Suécia, Birgit iniciou um processo de
renovação na dança, na época reduzida à tradição acadêmica do
Teatro da Ópera de Estocolmo.
Pelo pioneirismo, Birgit tornou-se uma espécie de Martha Graham sueca.
Com o Cullberg Ballet, a dança
na Suécia evoluiu, abrindo-se para a modernidade. O início dessa
fase tem como obra emblemática
o balé "Miss Julie", criado por Birgit em 1950.
No mesmo ano, ela concebeu
"Medea", que contou com seus filhos gêmeos -Mats e Malin-
nos papéis das crianças que se tornam vítimas, na trama de ciúme e
morte entre Medéia e Jasão. Em
1967, quando as autoridades suecas firmaram seu apoio ao Cullberg Ballet, a Suécia finalmente
passou a exibir uma companhia
com personalidade própria e padrão internacional.
Nessa fase, destacou-se o terceiro filho de Birgit, Niklas, bailarino
que também contribuiu para fazer do Cullberg Ballet uma das
melhores companhias de dança
do mundo.
(ANA FRANCISCA PONZIO)
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