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ARTES VISUAIS
Vinda do Rio, mostra com peças do Petit Palais ganha complemento do Masp, que a hospeda até outubro
Brilho de "Paris 1900" chega a São Paulo
ANA WEISS
DA REDAÇÃO
Paris entrou no século 20 como
semente da modernidade cultural,
fertilizada pelas novas tecnologias
que mudaram o funcionamento
do planeta. A eletricidade substituiu o gás e, urbanizada e cosmopolita, nascia a Cidade Luz.
"Paris 1900", exposição orçada
em R$ 1,3 milhão que será aberta
hoje para o público no Masp, tem
por isso valor histórico único. Em
nenhum outro momento, a América Latina recebeu imagens que
traduzissem tão claramente o que
o período legou de mais importante para a arte no mundo: o espírito desse tempo.
A oportunidade tem uma dose
de sorte. O Petit Palais, edifício
construído para a Exposição Universal de 1900 e depositário oficial
de 165 peças da mostra, está fechado para reformas.
Assim, muitas obras de arte que
frequentaram aquela exposição e
outras que inauguraram os novos
edifícios que serviram de cenário
para a "época bela" e a "arte nova" puderam sair, pela primeira
vez em conjunto, de seus acervos.
Em São Paulo, essa reunião ganha 20 participações especiais. Do
acervo do Masp foram destacadas
obras de Rodin, de Picasso e de
Toulouse-Lautrec.
Com trabalhos presentes em
dois dos oito módulos, Toulouse-Lautrec (1864-1901) é um dos símbolos mais lembrados do período
em que as mulheres deixaram de
ser musas para se tornarem divas
no repertório dos artistas. O mundo das artes passou, então, a olhar
de um modo diferente para elas.
A mudança da imagem da mulher na pintura é um reflexo das
grandes mudanças na vida real.
Não por acaso, um dos centros de
força da exibição é o núcleo dedicado à atriz Sara Bernhardt (1844-1923). No módulo estão o célebre
(e imenso, 2 m x 2,5 m) retrato
realizado por Georges-Jules-Victor Clairin, seu amante; uma fotografia anônima; uma escultura
feita por ela mesma e uma faiança. A presença de obras da pintora
Mary Cassatt (1844-1926) é outro
símbolo, em desenhos a ponta-seca e em um vaso.
Faiança, vasos e outros objetos,
aliás, são comuns na exposição,
que tem assumidamente um caráter de registro histórico, e nela o
visitante vai encontrar todo tipo
de quinquilharia de época, objetos que traduzem a belle époque,
das suas mais sofisticadas às mais
banais expressões.
Mas, como ressalta o coordenador da montagem paulista, Romaric Büel, não só de história vive
a exposição. "Não é uma reunião
de grifes, mas há muitas delas e
com obras importantes", argumenta o coordenador, munido
com peças de Paul Cézanne, Pierre Bonnard e Auguste Rodin.
Gilles Chazal, curador da exposição -que vem do Rio e segue
para Belo Horizonte-, preparou
uma (também histórica) homenagem a Ambroise Vollard.
O marchand tem sala especial
com retratos seus realizados por
Bonnard, Cézanne e Renoir. A
homenagem é outra importante
lição sobre a belle époque: os caminhos entre a criação e a exposição de obras tornavam-se políticas cada vez mais sofisticadas na
nascente metrópole que ensinou
o Ocidente a exibir arte.
PARIS 1900 - exposição de obras de arte
e objetos do acervo do museu francês
Petit Palais e peças do acervo do Masp
correspondentes ao período. Curador:
Gilles Chazal. Onde: Masp (av. Paulista,
1.578, tel: 0/xx/ 11/251-5644). Quando:
de hoje a 6/10. De ter. a dom., das 11h às
18h. Quanto: R$ 10 e R$ 5 (assinantes do
ClubeFolha); entrada franca para
crianças de até 10 anos e pessoas com
mais de 60 e para estudantes de escolas
públicas. Pacotes de R$ 8 a R$ 12 por
aluno para escolas particulares.
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