São Paulo, terça-feira, 06 de agosto de 2002

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ARTES VISUAIS

Vinda do Rio, mostra com peças do Petit Palais ganha complemento do Masp, que a hospeda até outubro

Brilho de "Paris 1900" chega a São Paulo

ANA WEISS
DA REDAÇÃO

Paris entrou no século 20 como semente da modernidade cultural, fertilizada pelas novas tecnologias que mudaram o funcionamento do planeta. A eletricidade substituiu o gás e, urbanizada e cosmopolita, nascia a Cidade Luz.
"Paris 1900", exposição orçada em R$ 1,3 milhão que será aberta hoje para o público no Masp, tem por isso valor histórico único. Em nenhum outro momento, a América Latina recebeu imagens que traduzissem tão claramente o que o período legou de mais importante para a arte no mundo: o espírito desse tempo.
A oportunidade tem uma dose de sorte. O Petit Palais, edifício construído para a Exposição Universal de 1900 e depositário oficial de 165 peças da mostra, está fechado para reformas.
Assim, muitas obras de arte que frequentaram aquela exposição e outras que inauguraram os novos edifícios que serviram de cenário para a "época bela" e a "arte nova" puderam sair, pela primeira vez em conjunto, de seus acervos.
Em São Paulo, essa reunião ganha 20 participações especiais. Do acervo do Masp foram destacadas obras de Rodin, de Picasso e de Toulouse-Lautrec.
Com trabalhos presentes em dois dos oito módulos, Toulouse-Lautrec (1864-1901) é um dos símbolos mais lembrados do período em que as mulheres deixaram de ser musas para se tornarem divas no repertório dos artistas. O mundo das artes passou, então, a olhar de um modo diferente para elas.
A mudança da imagem da mulher na pintura é um reflexo das grandes mudanças na vida real. Não por acaso, um dos centros de força da exibição é o núcleo dedicado à atriz Sara Bernhardt (1844-1923). No módulo estão o célebre (e imenso, 2 m x 2,5 m) retrato realizado por Georges-Jules-Victor Clairin, seu amante; uma fotografia anônima; uma escultura feita por ela mesma e uma faiança. A presença de obras da pintora Mary Cassatt (1844-1926) é outro símbolo, em desenhos a ponta-seca e em um vaso.
Faiança, vasos e outros objetos, aliás, são comuns na exposição, que tem assumidamente um caráter de registro histórico, e nela o visitante vai encontrar todo tipo de quinquilharia de época, objetos que traduzem a belle époque, das suas mais sofisticadas às mais banais expressões.
Mas, como ressalta o coordenador da montagem paulista, Romaric Büel, não só de história vive a exposição. "Não é uma reunião de grifes, mas há muitas delas e com obras importantes", argumenta o coordenador, munido com peças de Paul Cézanne, Pierre Bonnard e Auguste Rodin.
Gilles Chazal, curador da exposição -que vem do Rio e segue para Belo Horizonte-, preparou uma (também histórica) homenagem a Ambroise Vollard.
O marchand tem sala especial com retratos seus realizados por Bonnard, Cézanne e Renoir. A homenagem é outra importante lição sobre a belle époque: os caminhos entre a criação e a exposição de obras tornavam-se políticas cada vez mais sofisticadas na nascente metrópole que ensinou o Ocidente a exibir arte.


PARIS 1900 - exposição de obras de arte e objetos do acervo do museu francês Petit Palais e peças do acervo do Masp correspondentes ao período. Curador: Gilles Chazal. Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel: 0/xx/ 11/251-5644). Quando: de hoje a 6/10. De ter. a dom., das 11h às 18h. Quanto: R$ 10 e R$ 5 (assinantes do ClubeFolha); entrada franca para crianças de até 10 anos e pessoas com mais de 60 e para estudantes de escolas públicas. Pacotes de R$ 8 a R$ 12 por aluno para escolas particulares.



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