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Crítica/"Grey's Anatomy"
Série dá uma injeção de humor nos dramas hospitalares da TV
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
No fabuloso mundo das
séries de TV, sobreviver na selva da concorrência pela audiência não é tarefa simples. Para isso, não bastam ótimos roteiristas e um
elenco de primeira. É preciso
ou inventar uma fórmula absolutamente inédita ou mexer
nos ingredientes para que o sabor final pareça diferente.
Foi esta a opção feita por
Shonda Rhimes, criadora de
"Grey's Anatomy". A série, que
começou timidamente em
2005, já alcançou, em sua segunda temporada, nos EUA, o
cobiçado terceiro lugar das
mais vistas e concorre a dez importantes categorias na entrega
do Emmy, no fim deste mês.
O lançamento de sua primeira temporada (nove episódios)
em DVD, prevista para o dia 24,
é o ponto de partida obrigatório
para quem adora se viciar nesses folhetins do século 21.
O mundo hospitalar, suas crises incessantes e a vida no limite dos médicos sempre foi um
filão da TV norte-americana
desde os anos 60, em séries como "Dr. Kildare" ou "Medical
Center". Mas foi com "ER", no
ar desde 1994, que o formato se
tornou ultrapopular, o que permitiu à série de Michael Crichton manter-se no topo da audiência do horário nobre na TV
aberta norte-americana por
mais de uma década.
Com o excesso da longa duração de "ER" (já em seu ano 13),
as desventuras semanais de
Meredith Grey e seus colegas
no difícil aprendizado como residentes no Grace Hospital de
Seattle vêm despertando mais
interesse que o já cansativo
grupo de atendentes das emergências no pronto-socorro do
Cook Hospital de Chicago.
Rejuvenescimento
"Grey's Anatomy", porém,
não se resume a uma reciclagem dos habituais dramas clínicos que séries como "ER" já
ofereceram. Observa-se aqui
um empenho em rejuvenescer
o formato, trazendo-o para o
universo de espectadores jovens. É o que fica claro desde o
recorte etário dos personagens,
recém-saídos da universidade e
entrando no mercado de trabalho, e na trilha sonora, composta por uma seleção de alt-pop.
Há ainda uma intenção de
absorver os órfãos de
"Friends", já que o núcleo da
série compartilha os mesmos
tipos de dúvidas -afetiva, sexual, de trabalho- de Rachel,
Ross e companhia, além de alguns de seus personagens dividirem o mesmo teto e, eventualmente, os mesmo lençóis.
Além disso, "Grey's Anatomy" injetou humor num
mundo hospitalar, visto pela
TV como um espelho de tragédias, em que dor, sangue e sofrimentos mantinham a carga
dramática nas alturas. Com leveza, a série se opõe à gravidade
e abre espaço para uma receita
que, mesmo não sendo nova,
destaca-se por oferecer outros
sabores. Entre os extras estão
comentário da equipe, cenas
excluídas e making of.
GREY'S ANATOMY
Criadora: Shonda Rhimes
Distribuidora: Buena Vista; R$ 49,90
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