São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2008

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1/3 das obras pode deixar o museu

Segundo diretora, inventário técnico, que deve ser concluído em dois anos, vai determinar transferência de parte do acervo

"Esse inventário tem que dizer qual é o estado da obra, se está tombada, se há um título", afirma Bousso, agora à frente do museu


DA REPORTAGEM LOCAL

Se a reforma do prédio do MIS atrasou quatro meses, e ainda havia cimento molhado e paredes por fazer quando a Folha visitou o museu na última sexta, há muito mais a ser feito em relação ao acervo.
Embora o inventário técnico das obras do MIS e sua catalogação adequada fossem exigências do governo à nova organização social responsável pelo museu, só uma lista prévia dos mais de 350 mil itens sob a guarda da instituição foi concluída até agora.
"Foi feito um levantamento, não um inventário técnico", diz a diretora Daniela Bousso. "Esse inventário tem que dizer qual é o estado da obra, se está tombada, se há um título."
A nova diretora acredita que esse estudo aprofundado do acervo levará à transferência de cerca de um terço das obras a outras instituições, já que muito do que está lá não cabe mais no novo perfil do MIS. Mas para chegar ao resultado final, Bousso prevê mais dois anos de trabalho pela frente. "É um trabalho muito longo, mas um desafio interessante", diz.
Entre o que pode sair do MIS e passar para outro museu, estão uma coleção de roupas e objetos pessoais do sambista Adoniran Barbosa, vídeos de consulados e imagens históricas de governadores tomando posse. "Temos que tratar assunto por assunto e ver o que cabe ficar no MIS", diz Bousso.
"O acervo estava recebendo peças que não faziam sentido", diz à Folha o secretário estadual da Cultura, João Sayad. "Muita coisa vai mudar, porque algumas peças acabam ficando só por valor sentimental. É uma coleção muito variada, que precisa ser pensada."
Segundo Bousso, o MIS deve formar em breve uma comissão de especialistas para ajudar a definir e pesquisar o que fica no acervo e o que sai do museu.
Um projeto que pode acelerar o processo é o chamado "Acervo Vivo" em que convidados escolhem filmes do acervo para exibir em ciclos de cinema. A primeira curadoria da série é do professor Arlindo Machado e estréia neste domingo, com filmes de Charles Atlas e Bruce & Norman Yonemoto.
Ao todo, Machado escolheu 300 filmes do acervo do MIS, todos restaurados nos últimos dois meses. Serão exibidos 180 deles, mas cada vez que um convidado faz um recorte, os filmes já passam pelo processo de digitalização. Esses primeiros 300 títulos, no entanto, são ainda uma parcela ínfima dos 350 mil itens no acervo. "É um trabalho que está começando", reconhece Bousso.

Política de aquisições
Apesar da vontade declarada de devolver ao MIS a "efervescência" que tinha nos anos 80, Bousso admite que ainda nem pensou em outra de suas metas: a formação de uma política de aquisições do museu.
Embora reconheça que o acervo não pode "ficar parado", Bousso diz que uma segunda comissão de especialistas deverá ser formada para definir aquisições. Outra idéia é negociar com artistas que desenvolverem seus trabalhos a convite do MIS: uma vez concluído, o trabalho pode passar a pertencer à instituição. (SILAS MARTÍ)


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