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1/3 das obras pode deixar o museu
Segundo diretora, inventário técnico, que deve ser concluído em dois anos, vai determinar transferência de parte do acervo
"Esse inventário tem que dizer qual é o estado da obra, se está tombada, se há um título", afirma Bousso, agora à frente do museu
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a reforma do prédio do
MIS atrasou quatro meses, e
ainda havia cimento molhado e
paredes por fazer quando a Folha visitou o museu na última
sexta, há muito mais a ser feito
em relação ao acervo.
Embora o inventário técnico
das obras do MIS e sua catalogação adequada fossem exigências do governo à nova organização social responsável pelo
museu, só uma lista prévia dos
mais de 350 mil itens sob a
guarda da instituição foi concluída até agora.
"Foi feito um levantamento,
não um inventário técnico", diz
a diretora Daniela Bousso. "Esse inventário tem que dizer
qual é o estado da obra, se está
tombada, se há um título."
A nova diretora acredita que
esse estudo aprofundado do
acervo levará à transferência de
cerca de um terço das obras a
outras instituições, já que muito do que está lá não cabe mais
no novo perfil do MIS. Mas para chegar ao resultado final,
Bousso prevê mais dois anos de
trabalho pela frente. "É um trabalho muito longo, mas um desafio interessante", diz.
Entre o que pode sair do MIS
e passar para outro museu, estão uma coleção de roupas e objetos pessoais do sambista Adoniran Barbosa, vídeos de consulados e imagens históricas de
governadores tomando posse.
"Temos que tratar assunto por
assunto e ver o que cabe ficar
no MIS", diz Bousso.
"O acervo estava recebendo
peças que não faziam sentido",
diz à Folha o secretário estadual da Cultura, João Sayad.
"Muita coisa vai mudar, porque
algumas peças acabam ficando
só por valor sentimental. É
uma coleção muito variada,
que precisa ser pensada."
Segundo Bousso, o MIS deve
formar em breve uma comissão de especialistas para ajudar
a definir e pesquisar o que fica
no acervo e o que sai do museu.
Um projeto que pode acelerar o processo é o chamado
"Acervo Vivo" em que convidados escolhem filmes do acervo
para exibir em ciclos de cinema. A primeira curadoria da série é do professor Arlindo Machado e estréia neste domingo,
com filmes de Charles Atlas e
Bruce & Norman Yonemoto.
Ao todo, Machado escolheu
300 filmes do acervo do MIS,
todos restaurados nos últimos
dois meses. Serão exibidos 180
deles, mas cada vez que um
convidado faz um recorte, os
filmes já passam pelo processo
de digitalização. Esses primeiros 300 títulos, no entanto, são
ainda uma parcela ínfima dos
350 mil itens no acervo. "É um
trabalho que está começando",
reconhece Bousso.
Política de aquisições
Apesar da vontade declarada
de devolver ao MIS a "efervescência" que tinha nos anos 80,
Bousso admite que ainda nem
pensou em outra de suas metas:
a formação de uma política de
aquisições do museu.
Embora reconheça que o
acervo não pode "ficar parado",
Bousso diz que uma segunda
comissão de especialistas deverá ser formada para definir
aquisições. Outra idéia é negociar com artistas que desenvolverem seus trabalhos a convite
do MIS: uma vez concluído, o
trabalho pode passar a pertencer à instituição.
(SILAS MARTÍ)
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