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Bechara defende o Vocabulário Ortográfico e chama crítica de "balela"
DA REPORTAGEM LOCAL
O linguista e acadêmico brasileiro Evanildo Bechara, responsável na Academia Brasileira de Letras pelas novas regras,
qualificou as críticas de "balela" e disse que hoje "é moda falar mal do acordo". Afirmou à
Folha que as manifestações
são "coisa de quem quer ter os
seus cinco minutos de fama" e
que "está convicto do sucesso
da reforma".
Bechara não aceita as críticas
contra a edição de um Vocabulário Ortográfico pela ABL, sem
a participação dos outros países lusófonos. "Quem diz isso
não leu o artigo 2º [do acordo
de 1990]. O que se fala sobre isso é uma mentira, as pessoas
usam esse artifício para fazer
críticas ao acordo. A decisão da
ABL de publicar o "Volp" está de
acordo com a reforma, isso é
um jogo baixo."
O artigo diz que "os Estados
signatários tomarão, através
das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração (...) de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador
quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e
técnicas".
Segundo Bechara, a edição
brasileira não "atropela" a publicação comum e faz somente
a normatização de "terminologias científicas e técnicas, como
a geográfica", sem interferir
nas normas do acordo.
"Isso [o movimento contrário em Portugal] não vai dar em
nada. Esse acordo é entre governos, nasceu das academias."
Para Bechara, "essa mania
portuguesa de subscrever documento e memorial sobre ato
do governo a respeito da ortografia é coisa antiga". Ele cita
polêmicas que aconteceram
desde a reforma de 1911, "um
testemunho centenário".
O linguista português António Feliciano critica a supressão das chamadas consoantes
mudas ("c" e "p" em posição final de sílaba gráfica). Para o
português, "esta injustificada
supressão tem consequências
desastrosas para a norma europeia. Destrói dígrafos (grafias
compostas por duas letras) como "ac" ou "ec" em centenas de
palavras e aumenta exponencialmente o número de palavras graficamente irregulares".
Bechara rebate a crítica. "Em
todas as reformas há os que
concordam, os indiferentes e os
inimigos. Eu prefiro a audácia
dos portugueses do século 16
aos de hoje que estão atrás de
uma consoante que não se pronuncia e não tem valor linguístico."
(MS)
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