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ARTES PLÁSTICAS
"Vermelho", exposição que ele classifica de "quase-instalação", reúne obras feitas em "dias bonitos"
Barsotti exibe a emoção da geometria
CASSIANO ELEK MACHADO
da Reportagem Local
Aos 84 anos, Hercules Barsotti
não deixou de se surpreender com
a arte que produz.
"Veja como ela vibra", diz com
voz embargada, se aproximando
com cautela de uma das telas que
expõe a partir de hoje no Gabinete
de Arte Raquel Arnaud.
A vibração de suas obras, Barsotti diz que colhe da luminosidade de dias ensolarados. "Hoje só
pinto em dias bonitos e felizes",
explica o artista.
Como nas pinturas que vem produzindo há 40 anos, as oito obras
que compõem a "quase-instalação" chamada "Vermelho" têm
mais do que dias bonitos como
matéria-prima.
"Elas são feitas de cor e emoção", sintetiza o artista.
Nesta mostra, Barsotti segue a
sua fórmula tradicional. As pinturas de poucos traços parecem ter
como razão de existir a tarefa de
mostrar a emoção que pode estar
contida dentro da rigidez e frieza
de formatos geométricos. "Para
mim, a geometria é uma coisa que
me serve para criar emoção."
Já era esse o seu objetivo quando
aderiu ao movimento neoconcreto, em 1958. Naquele tempo, as
pinturas de Hercules Barsotti ainda nem conheciam muito bem a
voluptuosidade das cores que hoje
tomam conta de suas pinturas.
Barsotti só começou a pintar
"em cores", como ele diz, em
1963, quando descobriu a tinta
acrílica em um anúncio de uma revista alemã. Até então, ele dispensava as cores porque "não tinha
paciência para esperar a tinta óleo
secar".
Atualmente, o artista faz da paciência um dos ingredientes de sua
pintura. As telas que ele apresenta
no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, quatro delas quadradas e
quatro circulares, foram produzidas em uma mesa oval na sala de
jantar de sua casa com persistentes
"demãos" de tinta vermelha.
Com a sobreposição de camadas, o artista torna a superfície de
suas pinturas homogênea, despistando assim o olhar do espectador
que procura rastros dos caminhos
do pincel.
Ele também não gosta de dar
muitas pistas sobre seu trabalho.
Na comparação de suas obras
atuais com as pinturas anteriores,
por exemplo, diz apenas: "Os novos são muito menos rígidos".
Ele garante que suas próximas
pinturas seguirão o mesmo caminho: "Não vou parar nunca", diz
com voz firme Barsotti.
Exposição: Vermelho, de Hercules Barsotti
Vernissage: hoje, às 20h
Quando: segunda a sexta, das 10h às 19h;
sábado, das 11h às 14h. Até 12 de setembro
Onde: Gabinete de Arte Raquel Arnaud (r.
Artur de Azevedo, 401, Pinheiros, tel.
011/883-6322). Internet:
www.raquelarnaud.com
Quanto: de R$ 12 mil a R$ 18 mil (pinturas
em acrílica sobre tela)
Patrocinador: Almap/BBDO
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