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ARTES PLÁSTICAS
Exposição procura jogar luz a estrangeiros que desenvolveram e trabalharam com formas geométricas
Mostra retira imagem verde-amarela do construtivismo
ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL
O uso consciente das formas
geométricas mudou o modo de
ver e de produzir arte em todo o
mundo no início do século 20,
mas particularmente a partir dos
anos 50 modificou radicalmente a
arte brasileira, que flertou com o
construtivismo e adotou como filhos pródigos o concretismo e,
mais tarde, o neoconcretismo.
Indissociável da arte produzida
no Brasil até hoje, o construtivismo foi reverenciado no Brasil de
tal maneira que chega-se a "esquecer dos estrangeiros", tão numerosos e importantes são os artistas nacionais que se dedicaram
ao seu desenvolvimento -Lygias
Clark e Pape, Antônio Maluf, Hélio Oiticica, Abraham Palatnik,
Luiz Sacilotto, Ivan Serpa e Geraldo de Barros, por exemplo.
Com a intenção de jogar luz
também sobre a produção internacional, o crítico de arte e curador Celso Fioravante juntou no
pequeno espaço da galeria Berenice Arvani, para a mostra "Construtivos e Cinéticos", grandes nomes que ajudaram a solidificar a
arte construtiva e cinética mundo
afora -e, fatalmente, no Brasil,
onde a arquitetura moderna de
Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e
Vilanova Artigas tornou especialmente confortável sua presença.
Dentre esses grandes nomes, estão o suíço Max Bill, que deu fôlego à sanha construtiva no Brasil
em 1951, com uma exposição individual no Masp e ao vencer a 1ª
Bienal de Arte de São Paulo, com
a escultura "Unidade Tripartida",
hoje no acervo do MAC-USP; Jesús Soto, venezuelano que se radicou em Paris e desenvolveu uma
sólida e pioneira pesquisa de arte
cinética; Carlos Cruz Diez, compatriota de Soto, também investigador da arte cinética (em que o
movimento é parte da estrutura
da obra de arte, em vez de ser apenas representado por ela).
Fioravante reuniu serigrafias de
22 europeus e latino-americanos,
produzidas nos anos 60 e 70 para
a galerista francesa Denise René,
incentivadora da arte construtiva.
"Normalmente, as mostras sobre
construtivismo no Brasil têm só
artistas brasileiros, já que ele foi
adotado com entusiasmo muito
grande no país, onde dialogava
com a arquitetura", diz o curador.
"Aproveitamos esse acervo para
mostrar que o construtivismo não
é privilégio do Brasil e teve força
em outros lugares. A França foi
um país em que o construtivismo
se desenvolveu muito, com artistas vindos de várias partes do
mundo", completa, referindo-se
aos húngaros Victor Vasarely e
Lajos Kassak, ao israelense Yaacov Agam, ao argentino Hugo Demarco, ao croata Ivan Picelj, ao
suíço Willi Müller-Brittnau e ao
brasileiro Almir Mavignier, alguns dos artistas que receberam o
apoio de Denise René.
Além de parte do acervo que
pertenceu a René, que hoje é de
um colecionador europeu, obras
únicas da galeria completam a exposição, indo do início dos anos
50, com Antônio Maluf, a 2003,
em obras dos jovens Maurício Ianês, Egidio Rocci e Nobuhiko Suzuki. A mostra também contempla personagens importantes do
movimento construtivo no Brasil
que não ganharam tanta visibilidade como alguns de seus colegas, caso de Arnaldo Ferrari, Ubi
Bava e Mary Vieira.
Na montagem da exposição,
Fioravante homenageia a arquiteta Lina Bo Bardi, ao evocar os cavaletes de vidro projetados para a
exposição de obras no Masp,
abandonados pela atual gestão do
museu.
CONSTRUTIVOS E CINÉTICOS. Onde:
galeria Berenice Arvani (r. Oscar Freire,
540, SP, tel. 0/xx/11/3088-2843).
Quando: abertura hoje, às 20h; de seg. a
sex.: das 10h às 19h30; até 8/11. Quanto:
grátis. Obras: de R$ 3 mil a R$ 150 mil.
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