São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2005

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MÚSICA/CRÍTICA

"Segundo" amplia diferenças entre disco e show

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

"Segundo", o show, que estréia hoje no CIE Hall, em São Paulo, não está à altura de "Segundo", o disco.
De acordo com o que se viu na estréia da turnê, no Canecão, no Rio, Maria Rita e seus ótimos músicos -Tiago Costa (piano), Sylvinho Mazzuca (baixo), Cuca Teixeira (bateria) e Da Lua (percussão)- conseguem em alguns momentos evocar a beleza do CD.
São os casos das interpretações de "Sobre Todas as Coisas" (Edu Lobo/Chico Buarque), "Casa Pré-Fabricada" (Marcelo Camelo) e das duas composições de Rodrigo Maranhão: "Caminho das Águas" e "Recado". Já em "Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero)", o gestual excessivo da cantora e as pombas brancas que surgem no cenário esvaziam a contundência da música de Marcelo Yuka e do Rappa, tornando-a só panfletária.
"Mal Intento", do uruguaio Jorge Drexler, comprova ao vivo que é uma canção apenas correta, distante de outras obras do compositor. "Muito Pouco" (Moska), empolgante no CD, sofre ao ser escalada como abertura do show: Maria Rita, que começa a cantá-la da coxia, ainda está nervosa e o público ainda está frio para se deliciar com as curvas da música.
(No Rio, o início do show também sofreu com o impacto causado pelo figurino da cantora. Talvez não se devesse falar disso em uma resenha musical, mas o vestido era de tal maneira inapropriado, servindo deliberadamente para enfeiá-la, que ficou difícil se concentrar nas primeiras músicas.)
Talvez por ainda faltar cancha, a cantora também fala muito mais do que o necessário. A maioria das brincadeiras -como a em que pede para a platéia dar "boa noite" ou a em que protesta contra a pirataria- não tem graça e reduz o seu carisma.
Do CD anterior reaparecem bem "Pagu" (Rita Lee/Zélia Duncan) e "Santa Chuva" (Marcelo Camelo), por exemplo, mas "Encontros e Despedidas" (Milton Nascimento/Fernando Brant) parece interpretada como uma obrigação diante do sucesso que fez por abrir a novela "Senhora do Destino". Em algumas partes, Maria Rita deixa o público cantar e só simula regê-lo.
Falta ao show a coesão e a serenidade presentes no CD. Resta aproveitar os momentos em que isso vem à tona.


Maria Rita
  
Quando: hoje, às 21h30; amanhã e sáb., às 22h; dom., às 20h
Onde: CIE Music Hall (av. dos Jamaris, 213, Planalto Paulista, tel. 0/xx/11/6846-6040)
Quanto: de R$ 50 a R$ 90


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