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Cinema
Estréia documentário que inspirou novela das 8
Diretor lança "novo olhar" sobre síndrome de Down
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Após concluir "Do Luto à Luta", em 2005, Evaldo Mocarzel
ouvia com freqüência uma pergunta: para que exibir em cinemas um filme sobre síndrome
de Down, que poderia se bastar
como vídeo institucional?
Pois o documentário chega
hoje ao circuito comercial fortalecido por ter influenciado
Manoel Carlos a pôr a síndrome como um dos temas principais de "Páginas da Vida".
Quem interpreta a menina Clara na novela é Joana Mocarzel,
7, filha do cineasta.
"Eu queria semear um novo
olhar sobre a síndrome de
Down. Se você deixa num gueto
institucional, não contamina a
sociedade", explica ele.
"Do Luto à Luta" cruza várias
histórias. Há o adulto que conseguiu se tornar independente,
o surfista, o casal que quer fazer
cinema, além de pais contando
como receberam o diagnóstico
e iniciaram a batalha para estimular os filhos.
"Meu primeiro público-alvo
eram os pais no calor da notícia.
Quando você vai para a maternidade ter um filho, todos os
seus ideais de perfeição vão
junto. Aí chega um médico e te
diz que seu filho tem um problema de má formação genética. É um desamparo, que pode
virar preconceito. Quis mostrar
a luz no fim do túnel, dar uma
informação humanizada e dessacralizar o monstro, que não
existe", conta Mocarzel.
Nos festivais onde foi exibido, "Do Luto à Luta" ganhou
muitos prêmios e aplausos.
Mas Mocarzel, que dirigiu documentários de temática social
como "À Margem da Imagem"
e "À Margem do Concreto",
também ouviu comentários de
que o filme priorizava casos de
classes média e alta.
"Não é bem verdade. Das locações, 70% são Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). E a classe média e
os ricos põem seus filhos em
clínicas particulares. Eu tinha
downs negros, japoneses, mas
não procurei fazer um documentário étnico nem social.
Quis fazer um desfile de humanidades mapeando histórias de
vidas", diz ele.
Joana faz apenas uma ponta,
mas sem ela não existiria o desejo de Mocarzel de fazer um
filme sobre o tema.
"O filme foi a cereja do bolo
de um processo muito dolorido, mas que me fez melhorar
como ser humano", conta ele.
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