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Última Moda
Alcino Leite Neto (em Paris) - ultima.moda@folhasp.com.br
Jil Sander e Balenciaga apontam o futuro
Raf Simons e Nicolas Ghesquière definem o próximo verão nas passarelas das semanas de moda de Milão e de Paris
A moda vive das imagens do passado, mas seu objetivo é
sempre adivinhar o futuro.
Qual será o look determinante
da próxima estação?, perguntam os fashionistas.
Uma multiplicidade de opções surge nos desfiles, mas algumas se firmam como as determinantes. É o caso da coleção da Balenciaga na temporada primavera-verão de Paris,
que começou no domingo, e a
da Jil Sander na "saison" de Milão, que terminou no sábado.
O francês Nicolas Ghesquière, da Balenciaga, montou as
melhores partes de sua coleção
a partir de referências à ficção-científica, criando visões de
mulheres-ciborgue e de guerreiras futuristas.
A idéia central do estilista,
muito inteligente, consiste em
conceber as peças de roupa e
suas partes (mangas, golas etc.)
como próteses, ressaltando a
sua artificialidade, mas também a do corpo que as veste.
Para ele, é como se a roupa não
servisse apenas para cobrir ou
enfeitar a mulher, mas para recriá-la fisicamente, no caso, dotando-a de uma imagem de força impressionante.
Há algumas coisas em comum entre a coleção de Ghesquière e a do belga Raf Simons
para a Jil Sander, como os toques masculinos na silhueta, a
série de calças skinny, a pesquisa dos tecidos e o uso de metalizados. Mas no geral eles caminham em direções opostas: Simons busca a imagem de força
por meio de uma "moda pura",
ou seja, sem próteses, e que seja
aliada do corpo natural.
A nova coleção da Jil Sander,
mostrada num desfile elegante
e discreto, é ainda mais impressionante do que a do inverno,
por seu uso extraordinário das
cores, o melhor até agora na
temporada européia, sem falar
na sofisticada alfaiataria.
Tanto a coleção de Ghesquière quanto a de Simons, em campos diversos, reúnem elementos criativos para encarar os desafios paradoxais que esta época exige da moda: que ela seja
requintada, mas também informal (e até esportiva); que ela
recorra à tradição, mas seja
muito jovial; que ela contenha
ousadias, mas saiba entender a
nova feminilidade.
Outras coleções se destacaram nos últimos dias em Milão,
como a da Dolce & Gabbana, a
da Gucci e a da Versace. Em Paris, o também belga Martin
Margiela, conhecido por seus
experimentalismos, surpreendeu ao mostrar uma coleção
bem mais casual e atravessada
por um erotismo bastante perverso e desafiador.
Os holandeses Viktor & Rolf
apresentaram suas roupas
charmosas embaladas num espetáculo de "dancing hall", cujo
crooner era o cantor Rufus
Wainwright, atual queridinho do
mundo da moda. O britânico
John Galliano fez uma coleção
discreta, em cores sóbrias e de
silhueta clássica, que deve fazer
a alegria das lojas da Dior.
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