São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2006

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Última Moda

Alcino Leite Neto (em Paris) - ultima.moda@folhasp.com.br

Jil Sander e Balenciaga apontam o futuro

Raf Simons e Nicolas Ghesquière definem o próximo verão nas passarelas das semanas de moda de Milão e de Paris

A moda vive das imagens do passado, mas seu objetivo é sempre adivinhar o futuro. Qual será o look determinante da próxima estação?, perguntam os fashionistas.
Uma multiplicidade de opções surge nos desfiles, mas algumas se firmam como as determinantes. É o caso da coleção da Balenciaga na temporada primavera-verão de Paris, que começou no domingo, e a da Jil Sander na "saison" de Milão, que terminou no sábado.
O francês Nicolas Ghesquière, da Balenciaga, montou as melhores partes de sua coleção a partir de referências à ficção-científica, criando visões de mulheres-ciborgue e de guerreiras futuristas.
A idéia central do estilista, muito inteligente, consiste em conceber as peças de roupa e suas partes (mangas, golas etc.) como próteses, ressaltando a sua artificialidade, mas também a do corpo que as veste. Para ele, é como se a roupa não servisse apenas para cobrir ou enfeitar a mulher, mas para recriá-la fisicamente, no caso, dotando-a de uma imagem de força impressionante.
Há algumas coisas em comum entre a coleção de Ghesquière e a do belga Raf Simons para a Jil Sander, como os toques masculinos na silhueta, a série de calças skinny, a pesquisa dos tecidos e o uso de metalizados. Mas no geral eles caminham em direções opostas: Simons busca a imagem de força por meio de uma "moda pura", ou seja, sem próteses, e que seja aliada do corpo natural.
A nova coleção da Jil Sander, mostrada num desfile elegante e discreto, é ainda mais impressionante do que a do inverno, por seu uso extraordinário das cores, o melhor até agora na temporada européia, sem falar na sofisticada alfaiataria.
Tanto a coleção de Ghesquière quanto a de Simons, em campos diversos, reúnem elementos criativos para encarar os desafios paradoxais que esta época exige da moda: que ela seja requintada, mas também informal (e até esportiva); que ela recorra à tradição, mas seja muito jovial; que ela contenha ousadias, mas saiba entender a nova feminilidade.
Outras coleções se destacaram nos últimos dias em Milão, como a da Dolce & Gabbana, a da Gucci e a da Versace. Em Paris, o também belga Martin Margiela, conhecido por seus experimentalismos, surpreendeu ao mostrar uma coleção bem mais casual e atravessada por um erotismo bastante perverso e desafiador.
Os holandeses Viktor & Rolf apresentaram suas roupas charmosas embaladas num espetáculo de "dancing hall", cujo crooner era o cantor Rufus Wainwright, atual queridinho do mundo da moda. O britânico John Galliano fez uma coleção discreta, em cores sóbrias e de silhueta clássica, que deve fazer a alegria das lojas da Dior.


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