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Gravadoras passam por época otimista
Lançamentos de discos de "blockbusters", como Beyoncé, devem alavancar as vendas no final do ano
BEN SISARIO
DO "NEW YORK TIMES"
Na semana passada, corria
uma piada pela Columbia Records, à medida que a crise financeira se expandia. Ao assistir aos tropeços de gigantes das
finanças como o Lehman Brothers e o Merrill Lynch, os executivos das gravadoras estavam
enumerando suas vantagens.
"Pelo menos nós estamos na indústria da música", eles diziam,
conta Mark Di Dia, o diretor geral da Columbia.
Fazia muito tempo que o pessoal da indústria fonográfica
não se via como felizardo.
E o
humor negro na Columbia destaca o fato de que as vendas de
CDs, o produto essencial do setor, atravessam declínio aparentemente inexorável há oito
anos. Neste ano, as vendas de
CDs já caíram 16% ante o período em 2007, o que vem se somar a uma queda de mais de
36% entre 2000 e 2007.
Mas com a aproximação do
quarto trimestre -o período de
maior venda para a música-, as
gravadoras, o varejo e outros
envolvidos no negócio dizem
que estão relativamente otimistas ou pelo menos não tão
pessimistas quanto costumam.
Há potenciais sucessos a lançar
no período, vindos de Beyoncé,
AC/DC, Nickelback, T.I, Fall
Out Boy, Kenny Chesney.
Em dezembro, Kanye West e
50 Cent devem lançar novos álbuns, em intervalo de apenas
uma semana; caso isso aconteça, a publicidade gerada pelo
duelo de vendas pode ajudar os
dois a vender mais discos.
À medida que a economia enfrenta dificuldades, o setor de
música espera que um velho
truísmo se sustente: por ser
uma mercadoria de custo relativamente baixo e dotada de
certo valor sentimental, a música em geral resiste a recessões. "Em uma economia desfavorável, as pessoas retornam
a formas mais baratas de entretenimento", disse Richard
Greenfield, analista de mídia da
Pali Research.
"Os CDs se sustentaram bem melhor do que
eu esperava, neste ano."
Na semana passada, nem todos os males de Wall Street bastaram para manter os consumidores afastados das lojas de discos. O novo álbum do Metallica,
"Death Magnetic", da Warner
Brothers, vendeu respeitáveis
337 mil cópias em sua segunda
semana, e "Year of the Gentleman", do cantor de r&b Ne-Yo,
vendeu 250 mil cópias.
As vendas totais para os 200 discos de
maior sucesso atingiram os
2,53 milhões de unidades, o total mais alto desde julho, quando Miley Cyrus lançou CD.
Mesmo com a ascensão nas
vendas de música digital e com
o desaparecimento de cadeias
de varejo como a Tower Records, que fechou suas 89 lojas
nos EUA no final de 2006, as
vendas físicas do varejo no
quarto trimestre continuam a
ser essenciais para as gravadoras.
Mais de um terço das compras de música do ano acontecem no quarto trimestre, segundo a Nielsen SoundScan; a
Gallery of Sound, uma cadeia
de lojas de discos da Pensilvânia, registra quase metade de
seus vendas anuais na temporada de festas, diz Joe Nardone
Jr., um dos proprietários.
A despeito de sua importância -ou talvez por causa dela-
o final do ano se tornou mais
caótico para o varejo de música,
pois as gravadoras estão alterando os calendários de lançamento de CDs com cada vez
menos aviso prévio.
No passado, as datas dos grandes lançamentos eram definidas "por
volta de agosto", disse Andrew
Gyger, gerente de música do
Virgin Entertainment Group.
"Agora, já chegamos a setembro, quase a outubro, e ainda
existe muita indefinição", ele
afirmou, mencionou o recentemente adiamento do álbum do
U2, que deveria sair no final do
ano. "No caso de uma banda
grande como o U2, isso certamente faz diferença em termos
de planejamento -a falta de
um grande lançamento como
esse muda as coisas."
Os varejistas continuam esperando informações sobre o
lançamento ou não neste ano
de novos álbuns de Dr. Dre,
Eminem, Jay-Z e até do Guns
'N Roses, de acordo com boatos
que circulam há meses.
Algumas lojas independentes de discos estão desfrutando
de vendas relativamente saudáveis, com a morte das grandes cadeias, e diversificaram
suas ofertas para vender itens
mais lucrativos, como DVDs e
roupas. A Newbury Comics,
uma cadeia de lojas de música e
produtos ligados à cultura pop
na Nova Inglaterra, inaugurou
duas novas lojas recentemente,
e hoje opera 28 unidades. "Quatro anos atrás, em nosso mercado existia uma HMV Superstore, duas Tower Records e depois chegou a Virgin Megastore", disse Mike Dreese, presidente-executivo do grupo.
"Agora, todas elas se foram."
Mas grandes cadeias de varejo geral, como o Wal-Mart, ainda respondem por dois terços
de todas as vendas de música, e
muitas delas continuam a reduzir seu espaço para música. Isso
apresenta maior ameaça às
vendas do que a economia em
declínio, disse Greensfield.
"Quando vai surgir a próxima
redução no espaço reservado a
CDs nas prateleiras do Wal-Mart, Target, Best Buy e Circuit
City?", ele questiona. "Este ano
não tivemos cortes, mas isso vai
acontecer em algum momento
do ano que vem. A questão é determinar quando."
Tradução PAULO MIGLIACCI
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