|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Cacique de laptop cobra até US$ 10 mil para espantar chuva
DE SÃO PAULO
O índio citado pelo diretor
artístico do SWU é uma das
figuras mais bizarras do
show business nacional. Segundo Roberto Medina, o
empresário por trás do Rock
in Rio, é o trabalho dele que
tem segurado a água que invariavelmente jorra do céu
toda vez que um festival de
música acontece.
Embora o assunto seja tratado com discrição, os eventos costumam reservar uma
cifra para contratar os "serviços meteorológicos" da Fundação Cacique Cobra Coral
(www.fccc.org.br), uma entidade "científica esotérica
especializada em fenômenos
climáticos".
Na prática, trata-se de uma
dança da chuva ao contrário.
O cacique, com métodos que
não revela, garante manter
as nuvens carregadas longe
do local do show.
Medina conta que, no caso
dele, o cacique nunca falhou
-desde a primeira vez que
foi contratado por sua empresa, a Artplan, na edição
de 2001 do Rock in Rio.
Apesar da mítica deixada
por Woodstock, onde a lama
foi protagonista, Medina
queria seu festival seco. Mas
faltava uma semana para os
shows e chovia torrencialmente. Foi quando uma assessora lhe falou do cacique
"que fazia parar de chover".
"Imaginei que chegaria
uma pessoa com cocar, mas
entrou um sujeito de terno,
com laptop", diz. "Ele pediu
US$ 10 mil e eu negociei: "Te
pago dois agora e, se não
chover mesmo, te pago os oito no final"."
O que mais o impressionou foi o fato de só não chover onde acontecia o festival.
"Na outra esquina chovia
sem parar, mas ali não caiu
uma gota."
Quando faz festivais fora
do Brasil -como o Rock in
Rio de Lisboa-, Medina carrega junto o cacique.
Procurada pela Folha, a
Fundação Cacique Cobra Coral diz que tem como norma
não identificar seus clientes e
só dá entrevistas por e-mail.
"Nossa agência elabora
boletins que sinalizam os
melhores dias para os
shows", afirma Osmar Santos, da FCCC. "Tais boletins
são elaborados por cientistas-meteorologistas, com base em modelos matemáticos
e previsões numéricas."
"Muita gente contrata [esse serviço]", diz Pablo Fantoni, do Planeta Terra. "Eu não
acredito. Se existe uma pessoa que tem poder sobre o
tempo, seria um desperdício
ele estar sendo usado em festivais de música e não para
resolver a seca no Nordeste."
(IVAN FINOTTI e MARCUS PRETO)
Texto Anterior: Depoimento: Lama foi a coqueluche na primeira edição do Rock in Rio Próximo Texto: Música: Santana celebra guitarra com ecletismo em "Guitar Heaven" Índice | Comunicar Erros
|