São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2010

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Eric Clapton readquire relevância em novo álbum

Músico inglês de 65 anos soa vigoroso e à vontade; algumas canções abordam a morte e o envelhecimento

CARLOS MESSIAS
DO "AGORA"

Em seu primeiro álbum predominantemente de inéditas em cinco anos, Eric Clapton finalmente demonstra ter superado uma interminável fase de reverências.
Os sete discos anteriores do artista -incluindo um tributo a Robert Johnson, de 2004- estavam amarrados a temas como paternidade ou, principalmente, suas raízes musicais.
Todos tiveram suas qualidades e, teoricamente, cada conceito sinalizava certa nobreza. Na prática, o inglês que projetou o blues para muito além dos campos de algodão dos Estados Unidos seguia rumo à irrelevância artística.
Felizmente, ele consegue reverter este quadro com o novo "Clapton".
O título é emprestado de sua autobiografia (2008), o que denuncia alguma ambição de obra definitiva. Mas não é necessário ir tão longe. Basta dizer que Eric Clapton não soava tão vigoroso e à vontade desde "From the Craddle" (1994).
O passado, como de costume, se faz presente, só que não toma as rédeas.
Com incrível desenvoltura, o guitarrista vai de um blues basicão de 12 compassos ("Judgement Day") a uma impetuosa infusão de rock ("Run Back to Your Side", comparável a muitos dos seus clássicos), passando pelo dixieland ("When Somebody Thinks You're Wonderful").
É admirável como sua guitarra, imune a avaliações técnicas, tornou-se ainda mais clara, precisa e versátil.
"How Deep Is the Ocean", em que o músico é acompanhado por piano e trompete, poderia facilmente ser interpretada por um cantor barítono como Tom Waits.
Em "River Runs Deep", Clapton faz um dueto com o parceiro J.J. Cale, autor da canção, com quem gravou "The Road to Escondido" (2006), um registro de canções do tecladista de R&B Billy Preston.
A serena "Diamonds Made of Rain" traz uma tímida participação de Sheryl Crow, artista que tem se voltado para as tradições da música americana (e foi presenteada até com uma regravação de Johnny Cash).
Letras sobre a morte e sobre envelhecer permeiam todo o álbum. Mas, longe de se fechar em alguma questão, o músico de 65 anos dedica esse trabalho a si próprio. E como dá gosto escutá-lo.

CLAPTON

ARTISTA Eric Clapton
LANÇAMENTO Warner Music
QUANTO R$ 30, em média
AVALIAÇÃO ótimo


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