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Eric Clapton readquire relevância em novo álbum
Músico inglês de 65 anos soa vigoroso e à vontade; algumas canções abordam a morte e o envelhecimento
CARLOS MESSIAS
DO "AGORA"
Em seu primeiro álbum
predominantemente de inéditas em cinco anos, Eric
Clapton finalmente demonstra ter superado uma interminável fase de reverências.
Os sete discos anteriores
do artista -incluindo um tributo a Robert Johnson, de
2004- estavam amarrados a
temas como paternidade ou,
principalmente, suas raízes
musicais.
Todos tiveram suas qualidades e, teoricamente, cada
conceito sinalizava certa nobreza. Na prática, o inglês
que projetou o blues para
muito além dos campos de
algodão dos Estados Unidos
seguia rumo à irrelevância
artística.
Felizmente, ele consegue
reverter este quadro com o
novo "Clapton".
O título é emprestado de
sua autobiografia (2008), o
que denuncia alguma ambição de obra definitiva.
Mas não é necessário ir tão
longe. Basta dizer que Eric
Clapton não soava tão vigoroso e à vontade desde "From
the Craddle" (1994).
O passado, como de costume, se faz presente, só que
não toma as rédeas.
Com incrível desenvoltura, o guitarrista vai de um
blues basicão de 12 compassos ("Judgement Day") a
uma impetuosa infusão de
rock ("Run Back to Your Side", comparável a muitos
dos seus clássicos), passando pelo dixieland ("When
Somebody Thinks You're
Wonderful").
É admirável como sua guitarra, imune a avaliações técnicas, tornou-se ainda mais
clara, precisa e versátil.
"How Deep Is the Ocean",
em que o músico é acompanhado por piano e trompete,
poderia facilmente ser interpretada por um cantor barítono como Tom Waits.
Em "River Runs Deep",
Clapton faz um dueto com o
parceiro J.J. Cale, autor da
canção, com quem gravou
"The Road to Escondido"
(2006), um registro de canções do tecladista de R&B
Billy Preston.
A serena "Diamonds Made
of Rain" traz uma tímida participação de Sheryl Crow, artista que tem se voltado para
as tradições da música americana (e foi presenteada até
com uma regravação de
Johnny Cash).
Letras sobre a morte e sobre envelhecer permeiam todo o álbum. Mas, longe de se
fechar em alguma questão, o
músico de 65 anos dedica esse trabalho a si próprio. E como dá gosto escutá-lo.
CLAPTON
ARTISTA Eric Clapton
LANÇAMENTO Warner Music
QUANTO R$ 30, em média
AVALIAÇÃO ótimo
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