São Paulo, terça, 6 de outubro de 1998

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Polícia apura sumiço de bens de Ubiratan

ANNA LEE
da Sucursal do Rio

A 14ª Delegacia de Polícia, no Leblon (zona sul do Rio), abriu inquérito para apurar o desaparecimento de documentos, dinheiro e objetos pessoais do apartamento de Paulo Ubiratan, diretor da Rede Globo, logo depois de sua morte, em 28 de março deste ano.
A denúncia foi feita pela apresentadora Valéria Monteiro, ex-mulher de Ubiratan e mãe da filha dele.
Segundo consta do depoimento de Valéria, três meses depois da morte do diretor, ela foi nomeada inventariante da filha e veio ao Brasil -reside nos EUA- para tomar posse dos bens que pertenciam a Ubiratan.
Na emissora, além de documentos, objetos pessoais e dois carros do diretor, Valéria recebeu as chaves do apartamento onde ele morava, na Lagoa (zona sul).
Chegando lá, uma das empregadas da casa, Creuza Belarmino dos Santos, disse a Valéria, como ela relatou em seu depoimento, que estavam faltando objetos do apartamento.
Segundo o mesmo relato, no dia da morte do diretor, a secretária dele, Oneida Queiroz, funcionária da Globo e hoje secretária do diretor Dênis Carvalho, teria estado lá, junto com o outro secretário de Ubiratan, Eli Batista dos Reis, conhecido com Caju, que hoje trabalha para o diretor Daniel Filho.
Creuza informou em seu depoimento que a secretária teria ido ao quarto de Ubiratan, recolhido objetos de valor, e teria dito que ela estava despedida e que deveria passar na Globo para receber seus direitos.
Valéria ainda relatou que, ao abrir o cofre do apartamento, constatou que estava vazio. Segundo a apresentadora, ela precisou da ajuda de um chaveiro para abri-lo, pois a chave não estava no pacote entregue pela Globo.
O depoimento de Valéria e de Creuza foi confirmado pela outra empregada de Ubiratan, Ismênia da Silva.
Ainda segundo o depoimento de Valéria, os porteiros do edifício teriam dito que os dois secretários do diretor estiveram no apartamento algumas vezes depois da morte dele e que saíram de lá carregando objetos.
Os pertences de Ubiratan que estavam na emissora e as chaves do apartamento foram entregues a Valéria pelo diretor de contratos artísticos da TV Globo, André Dias.
Ele disse que cumpriu ordem judicial e que não é de sua responsabilidade nem da emissora o que tenha acontecido lá.
"A Oneida e o Caju trabalhavam com o Paulo havia pelo menos 15 anos, eram de total confiança dele, da família dele e da Globo. Cabe à polícia apurar a denúncia feita pela Valéria", disse Dias.
O departamento de Divulgação da Globo informou que não considera que a emissora tenha responsabilidade sobre o fato.
Procurada pela Folha, Oneida disse que não tem nada a declarar sobre o assunto. Caju disse que não foi informado sobre o inquérito e que não foi chamado para depor. "O que eu sei é que a Oneida foi ao apartamento a pedido da mãe do Paulo Ubiratan providenciar documentação para o enterro", disse.
A advogada de Valéria, Elianilde Lima Rios, informou que sua cliente "não suspeita de ninguém, apenas fez a denúncia para que o fato seja investigado pela polícia, já que considera que o apartamento só poderia ser aberto por ordem judicial e depois de determinado o inventariante".



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