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SP recebe divas pop amadas por gays
Kylie Minogue se apresenta neste sábado, no Credicard Hall; depois será a vez das veteranas Cyndi Lauper e Madonna
"No início da carreira, fiz algum sucesso, mas não tinha muito respeito da crítica; o mundo gay me adotou", diz Kylie
THIAGO NEY
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Neste sábado, Kylie Minogue. Na semana que vem, Cyndi
Lauper. Em dezembro, Madonna. São Paulo recebe não apenas três divas da música pop,
mas três ícones gays.
A primeira delas, Kylie, após
sofrer com um câncer de mama
há três anos, reconquistou seu
posto de diva e voltou às paradas com o disco "X", em que
exalta, entre outras coisas, o sexo e a própria nudez.
A segunda, Cyndi, já está longe do auge, que viveu nos distantes anos 1980, mas ainda
conserva o bom humor espalhafatoso e voltou aos holofotes
desfilando na Parada Gay de
San Francisco neste ano.
A terceira, Madonna, dispensa comentários -é como a mãe
de todas as divas. Pautou toda a
sua carreira em torno da ambigüidade e da liberdade sexual e
chegou até a declarar que se
sentia "um homem gay preso
no corpo de uma mulher".
Em entrevista à Folha, por
telefone, Kylie conta de onde
vem a reverência gay: "Foi algo
natural, uma relação espontânea que começou muitos anos
atrás. Sempre fui muito extravagante em meus shows. No
início da carreira, fiz algum sucesso, mas não tinha muito respeito da crítica e de outros artistas, foram momentos duros.
Naquela época, os gays me adotaram, me protegeram. Foi importante para mim, algo que eu
respeito desde então".
"Ela teve câncer, ela sofreu, a
gente ficou com dó. E amamos
ela", resume o sexólogo Claudio Picazio, 50. "Ela sente o que
o gay sente: ou ele sucumbe ao
mundo e engorda, ou dá a volta
por cima e vira o máximo."
A cantora australiana, hoje
com 40 anos, afirma que o câncer quase fez com que desistisse da carreira: "Minha vida mudou muito, não dá para ser a
mesma pessoa depois de uma
experiência dessa. Tive tempo
suficiente para refletir se queria continuar com meu trabalho. Mas ser uma cantora é o
que eu gosto de fazer".
Em SP
No sábado, no Credicard
Hall, será o primeiro show de
Kylie Minogue no Brasil. Sobre
a apresentação, ela adianta:
"Estou com esta turnê há algum tempo, já passei pela Europa. Fiz algumas mudanças
para as apresentações na América do Sul, mas será basicamente o mesmo show musical.
Vou cantar músicas de quase
todos os meus discos, de cada
fase da minha carreira".
A australiana diz que será
acompanhada por vários músicos e bailarinos -alguns deles,
se copiarem outros shows da
turnê, só de sunga-: "Há dez
músicos na banda e mais dez
dançarinos. Além disso, mudo
de roupa umas oito vezes, o que
estranhamente são os momentos mais ansiosos para mim, em
que eu fico mais nervosa".
No palco, Kylie recria a atmosfera de clubes gays, apoiada
por versões dançantes de suas
canções. "Gosto quando minhas músicas são ouvidas no
rádio e nos clubes", conta a australiana. "Em meus discos, trabalho com muitos produtores.
Gosto de experimentar novas
coisas de vez em quando, por isso convido gente nova, como
Calvin Harris, que é muito dinâmico e não respeita regras",
diz. (Calvin Harris é um escocês que fez algumas músicas
para o último disco de Kylie.)
Ao lado de Kylie, Cyndi Lauper e Madonna desembarcam
como uma espécie de santíssima trindade do pop gay. "Tem
uma coisa verdadeira, de ser
um gay preso no corpo de mulher", afirma o escritor André
Fischer. "Daí vem a identificação, mais a coisa de ser diva, poderosa e loira, é imbatível."
KYLIE MINOGUE
Quando: sábado, a partir das 22h
Onde: Credicard Hall (av. das Nações
Unidas, São Paulo, 17.955,
tel. 0/xx/11/6846-6010)
Quanto: ingressos esgotados
Classificação: 14 anos (acompanhado
dos pais ou responsável)
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