JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É uma pena que o grupo encarregado de mudar o clima indie rock do festival Planeta Terra esteja vivendo o auge de sua irrelevância.
Anteontem, o californiano The Offspring mostrou em Porto Alegre o repertório que deverá ser repetido na segunda edição do evento, que acontecem neste sábado em São Paulo. E foi triste constatar que o hardcore da banda está mais insignificante do que nunca.
O Pepsi on Stage, local do show em solo gaúcho, comporta 8.000 pessoas. Segundo a organização, pouco mais de 4.000 pagantes foram. O número de fãs não dava a impressão de casa vazia, mas sobrou espaço para que rodas de pogo se formassem em 1h15 de apresentação.
O Offspring hoje é um cachorro de três pernas. Dexter Holland (voz e guitarra), Noodles (guitarra) e Greg K. (baixo) ficam alinhados na frente do palco enquanto um baterista e um guitarrista contratados tocam no fundão. Aos 42 anos, Holland assume a condição de "tiozinho do hardcore" e pouco se mexe. Já com Noodles, 45, a movimentação é intensa: um ventilador não deixa seus cabelos parados.

Sucessos antigos
O baixo de Greg K., 43, é uma atração à parte. Não porque dele saiam linhas surpreendentes, mas por brilhar no escuro. O efeito pôde ser visto antes do grupo tocar "Bad Habit", uma das muitas músicas do CD "Smash" (1994) a figurar no set list. O álbum levou a banda ao mainstream e ainda é citado como o CD de gravadora independente mais vendido da história.
Do novo trabalho, o ruim "Rise and Fall, Rage and Grace", a banda arriscou tocar apenas quatro músicas. E, apesar de receber o single "Hammerhead" com algum entusiasmo, o público gaúcho parecia mais interessado nos hits mesmo. "Nem ouvi este último CD. Gosto é das antigas", disse o estudante Alessandro Borges, 19, durante a apresentação da banda.
Avaliação: ruim