São Paulo, sexta-feira, 06 de novembro de 2009

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Crítica/"Um Lobisomem na Amazônia"

Cardoso derrapa em clichês em filme de lobisomem

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Para um filme de lobisomem, a ficha técnica é animadora. Há Rubens Francisco Luchetti, o velho mentor de Zé do Caixão, no roteiro. Há Paul Naschy, antiga tradição do terror mexicano, puxando o elenco, como um magnífico gênio do mal.
Em "Um Lobisomem na Amazônia", há uma mistura saudável de brasileiros tão diversos quanto Guará Rodrigues (seu penúltimo trabalho), como "o monstro", e Evandro Mesquita, o guia de caravana. Existem ainda algumas jovens e belas atrizes para obedecer às leis do gênero. E há, claro, Ivan Cardoso, na direção.
Ao mesmo tempo, essa mesma ficha técnica já supõe uma profusão de clichês que, se em outras ocasiões Cardoso driblou com classe, parecem estar sempre à espreita.
Sim, claro, existe a Amazônia, que introduz um elemento bem novo na história. Pois é lá que o dr. Moreau instala seu laboratório digno dos anos 1930 para fazer pesquisas genéticas revolucionárias.
O filme foi rodado em 2005 e só agora exibido. Talvez isso se deva à mudança de público. Quando Cardoso fazia "O Segredo da Múmia", por exemplo, era seguido por um público popular que o garantia. E hoje?
Não há segurança alguma, e essa insegurança transparece no filme em vários momentos. A excessiva proximidade e a abusiva quantidade de clichês, por exemplo, parecem um sintoma. E o dr. Moreau, apesar do notável séquito, tem um quê excessivamente convencional.


UM LOBISOMEM NA AMAZÔNIA

Direção: Ivan Cardoso
Com: Evandro Mesquita
Produção: Brasil, 2005
Onde: a partir de hoje no Frei Caneca Unibanco Arteplex
Classificação: 14 anos
Avaliação: regular




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