MARCO AURÉLIO CANÔNICO
EDITOR DE FOTOGRAFIA

A cena, na última quinta-feira: num táxi, quatro adolescentes, produzidas para se jogar na noite, fazem pose e tiram fotos sem parar. No som, "I Gotta Feeling", do Black Eyed Peas, bombando.
É claro que estavam indo ao Morumbi para assistir ao show do quarteto californiano -e, como muitos, chegariam atrasadas, porque o trânsito estava caótico.
A cena do táxi era uma prévia do que se veria no estádio: público jovem empolgado (e largamente feminino), clima de balada, hits da dance music radiofônica, festa. O cenário do show era futurista e grandioso -palco imenso, com plataformas e muitos telões. Esse apelo visual era o melhor que o Black Eyed Peas tinha para mostrar ao vivo.
Em termos de som, a banda deixou claro que não tem talento para fugir do escopo das rádios e pistas de dança. A louraça Fergie funciona bem como distração visual, mas, quando precisa cantar (como nos hits "Fergalicious" e "Don't Phunk with my Heart"), é uma lástima.

DISCOTECAGEM
Como metade dos integrantes (apl.de.ap e Taboo) é nula, sobra o produtor e rapper will.i.am, o único com algum talento musical, como mostrou no momento "freestyle" do show, em que ficou versando num ritmo e velocidade impressionantes. Uma boa parte da apresentação se resumiu a bases pré-gravadas.
Houve uma sequência em que simplesmente abdicaram de tocar e cantar: will.i.am atuou como DJ e tocou sucessos batidos, de "Song 2", do Blur, a "Sweet Dreams", do Eurythmics.
Essa sequência foi uma das que mais empolgaram o público que quase lotou o Morumbi, e isso foi revelador: ninguém ali estava preocupado com música ao vivo, o negócio era se divertir na noitada dance a céu aberto.
Sob essa ótica, o show do Black Eyed Peas funcionou: muitos hits (alguns realmente bons, como "My Humps" e "I Gotta Feeling"), declarações de amor ao "Brazil", muitas luzes e movimento.

BLACK EYED PEAS

AVALIAÇÃO regular


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