São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011

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'TV pública é projeto de 15, e não 4 anos'

Novo diretor avalia que é preciso tempo para consolidar TV Brasil, que investe em sinal digital para atrair público

Ministra diz que canal promove cidadania e que o conselho evita que produções possam ser 'chapa-branca'

DE SÃO PAULO

Por mais que os responsáveis pela EBC -e por seu cartão de visitas, a TV Brasil- digam que audiência não é tudo, o fantasma do "traço" incomoda o governo.
De acordo com dados do Ibope/MediaWorkstation, a audiência média da TV Brasil foi de 0,39% em 2009 e 2010. O dado faz parte de um balanço de quatro anos da TV lançado na sexta e disponível no site ebc.com.br.
O desempenho para lá de modesto custa ao Tesouro Nacional R$ 487.507.957, dos quais R$ 413.751.144 devem ser efetivamente liberados.
"A TV Brasil não é cara, se comparada às TVs abertas. Não se faz televisão no curto prazo e sem recursos", disse à Folha a ministra-chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Helena Chagas, presidente do conselho administrativo da EBC.
Assim como o novo diretor-presidente, Nelson Breve Dias, ela tem o diagnóstico de que é preciso incrementar a audiência e avalia que o papel da emissora pública é diferente do das outras TVs.
"Ela pode priorizar a programação infantil e educativa. E pode dedicar o horário nobre à reflexão e ao debate, sem competir com a novela das oito", afirma Helena.
Uma das apostas da emissora para anabolizar a audiência é técnica: até o fim do ano, São Paulo e Rio já devem ter transmissões em sinal digital (a captação de imagens já é toda digital).
O canal pretende investir em divulgação. Muita gente não sabe que (resposta à pergunta da capa) é preciso ir ao canal 63 UHF de São Paulo para assistir à TV Brasil.
"A PBS, nos Estados Unidos, tem audiência de 1,5. E a sociedade americana entende que ela é importante. Além disso, consolidar a TV pública não é um projeto de quatro anos, e sim de 15 a 20", afirma Nelson Breve.
O novo diretor assumiu após uma polêmica que indispôs sua antecessora, Tereza Cruvinel, e o conselho curador da EBC, composto por representantes da sociedade e do governo com a função de regular a empresa. Apesar disso, tanto a direção como Helena Chagas sustentam que as prerrogativas do órgão serão mantidas, a despeito de declarações de setores do PT de que elas precisariam ser reavaliadas.
É o conselho, diz a ministra, que garante isenção ao jornalismo da TV. "Nunca foi chapa-branca. E falo como ex-diretora de jornalismo."
Na eleição do ano passado, o então presidenciável José Serra (PSDB) acusou a TV de agir contra sua candidatura.
Está em discussão um novo manual de redação para profissionais da EBC (além da TV, agência de notícias e rádios), a ser lançado em 2012. (VERA MAGALHÃES e THIAGO AZANHA)


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