São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011

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Crítico lança livro sobre Scorsese e prepara outro sobre Spielberg

No Brasil para a 35ª Mostra, Richard Schickel elege as melhores cenas do diretor de 'Taxi Driver'

Autor de "Conversas com Scorsese" diz que seu tempo está no fim, mas continua lançando um livro após o outro

GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

O norte-americano Richard Schickel esperou a reportagem da Folha tomando um banho de sol e um chá preto. No terraço de um hotel em São Paulo, o crítico vitalício da revista "Time" falou sobre a carreira de quase meio século e a amizade que estabeleceu com grandes cineastas de nosso tempo -Clint Eastwood, Woody Allen e Martin Scorsese, entre eles.
É sobre este último o livro lançado pelo autor durante a 35ª Mostra de Cinema.
"Conversas com Scorsese" reúne quase 500 páginas de entrevistas com o diretor de "Taxi Driver" (1976), além de um texto sobre a infância do cineasta nova-iorquino.
"É delicioso entrevistar Marty, porque ele é uma enciclopédia de cinema. Sei que é para ele que devo ligar quando quiser saber algo sobre um diretor húngaro do qual quase ninguém ouviu falar", diverte-se.
Mas, mal terminou de divulgar este, Schickel, 78, já se prepara para tirar do forno seu próximo volume.
Um livro sobre Steven Spielberg chega às livrarias americanas no começo do ano que vem.
"Sim, eu gosto de fazer muita coisa ao mesmo tempo. É uma qualidade e um defeito. Evita que a vida se torne chata", sugere o crítico, que, além dos livros e do trabalho na imprensa, se consagrou ao fazer documentários para a TV, sempre enfocando o trabalho de cineastas.
O primeiro deles foi sobre Alfred Hitchcock (1899-1980), nos anos 1970. "Eu não o conhecia pessoalmente. Aos poucos, fui passando a gostar dele", relembra.
"Digo com orgulho que meus documentários foram os primeiros a enfocar com mais calma uma geração que estava encerrando sua carreira: Frank Capra [1897-1991], Howard Hawks [1896-1977], Raoul Walsh [1887-1980]."
Mas, enquanto uma geração desaparecia, havia outra surgindo no cenário e, ao longo dos anos 1980, 1990 e 2000, Schickel faria dela o centro de seu trabalho.
"Com todos eles [cineastas biografados, filmados, entrevistados], eu adquiri certa proximidade. Mas com Clint Eastwood em particular. Está saindo nos Estados Unidos uma reedição do meu livro sobre ele. Fiz questão de acrescentar algumas páginas sobre 'J. Edgar', que vai ser lançado por lá nesta semana e é um tremendo filme."

DE VOLTA AOS FILMES
Sobre Spielberg, conta que editou as quase 300 páginas de entrevistas que tinha feito em diferentes momentos, reviu todos os seus filmes e teve com ele novos encontros.
"Os filmes não mudam, mas você muda. Eu gosto de voltar para o que vi há dez anos. Todos falam sempre sobre 'A Lista de Schindler', que é um grande filme. Mas talvez o meu predileto seja 'Império do Sol'." Questionado sobre os diretores sobre os quais ainda gostaria de escrever, ele responde, algo melancólico: "Nenhum. Sinto que meu tempo está passando. Falar sobre o conjunto da obra dos irmãos Coen, por exemplo, já não vai ser tarefa para mim."


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