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TELEVISÃO - ARTIGO
Teleteatro, "arte' popular
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
²
Às terças, no SBT, um breve momento para limpar os olhos ou
mesmo a alma com um pouco de
arte. É o que se deduz com a apresentação desse "Teleteatro", antes
do Jô Soares conversar com os novos eleitos. Arte? Louca ilusão.
Dramalhão.
A telepeça se chama "A Vingança", de Marissa Garrido, na tradução de Creyton Sarzy. Mas, como
dizia Shakespeare, o que existe
num nome? Tudo o que se desconfia. A atriz principal é Joana
Fomm há muito restrita, com sua
cabeça de melão, aos papéis de
mulheres tão más que sempre azeda ainda mais tudo o que tem para dizer.
Aqui ela é mulher que de tanto
lavar chão ficou milionária. Baú
da felicidade? Talvez. No mato,
que outras possibilidades para
uma mulher trocar o esfregão pelo
milhão?
No momento exato em que começa o teleteatro, Josefina Fomm
está cobrando dinheiro do Osmar
Prado (ator de todos os endereços). Ele não pode pagar por problemas com a colheita. "Então
deixa sua filha casar com meu filho." Esse é um antigo sonho da
nova-rica. Casar o filho na aristocracia rural.
Só que o filho (Delano Avelar)
está todo feliz, em São Paulo, casadinho com a Suzy Rêgo e seus
olhos grandes e bonitos.
Atendendo a um chamado de
sua mãe, o filho vai até o mato
com a mulher. Joana Fomm só
não perde o rebolado porque esse
já se perdeu pelos idos da Chiquita
Bacana. Mas rica como ela só, não
precisa rebolar. Vai de fúria mesmo, dando prosseguimento aos
planos de casar o filho com a aristocrática Branca (Bete Coelho).
"Ele me dará a separação assim
que eu quiser."
Delírios de milionária podem tudo. Delírios? Enojada da perversa
poderosa, a Suzy Rêgo volta para
casa. Um telefonema interceptado
pela mãe megera não deixa que o
filho saiba que a fujona está grávida. Má, mas tola. O filho acaba sabendo. "Você será uma mulher
para sempre solitária, tendo apenas a companhia de seus milhões."
Com o bebê nascido e já bochechudo, a campainha toca. É a mãe
desnaturada pedindo perdão ao
filho e nora e suplicando para que
deixem ela segurar o neto nos braços. Muito desconfiado, o bochechudo consente.
Final emocionante? Pelo aplauso ouvido em todas as dependências de empregadas dos prédios do
bairro, foi um final emocionante.
"Teleteatro" é "arte" popular. Como ouro que se parte nos dentes de
uma cigana.
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