São Paulo, quarta-feira, 06 de dezembro de 2000

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ARTES PLÁSTICAS

Após reforma de seis meses, que consumiu R$ 2,5 milhões, museu apresenta exposição a partir de hoje

"Obra Nova" reinaugura novo MAC

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Museu de Arte Contemporânea da USP reabre hoje, após seis meses de reformas, e convidou para a festa de reinaguração 88 artistas, com liberdade de apresentarem a obra que quisessem, desde que fossem recentes.
"Obra Nova", a exposição que reabre o museu, é uma mostra sem curadoria. "Escolhemos artistas que já estão representados em nosso acervo, mas pedimos que eles mesmos selecionassem obras novas", diz Teixeira Coelho, o diretor do MAC.
O resultado é um panorama bastante abrangente da arte contemporânea brasileira, a maioria composta por obras inéditas e algumas preparadas especialmente para a exposição. Esse é o caso de "Luz", a instalação de Regina Silveira, na fachada do edifício.
A idéia, segundo Coelho, era que a artista fizesse uma sombra no edifício, uma de suas marcas registradas. Mas Silveira preferiu inovar. "Ela disse que estava cansada das sombras, que queria usar a luz", contou o diretor.
Muitos artistas aproveitaram a oportunidade para expor obras criadas há algum tempo, mas que eram inéditas ao público. É o caso de "Escultura de Nove Pés", obra de Gustavo Rezende. "Esse é um trabalho de 98, mas ele representa uma transição em meu percurso, é uma boa oportunidade poder mostrá-lo agora", conta o artista.
O mesmo ocorre com "Rosa e Azul", tela de Caetano de Almeida, baseada na obra de mesmo nome de Renoir. O quadro foi feito em 99, mas nunca havia sido exposto. "A gente leva tanto tempo para fazer uma obra, ela pode não ser feita em 2000, mas também é nova", diz Carlito Carvalhosa, que também participa da exposição com uma obra inédita.
Foi graças ao convite para a exposição que o artista Carlos Fajardo realizou uma obra que tinha sido projetada há 23 anos.
Foram gastos R$ 2,5 milhões para a reforma do prédio na USP que o tornou um dos mais modernos espaços expositivos da cidade, setorizado agora em oito galerias, com alturas variáveis. Não houve ampliação espacial, os 3.000 m2 do edifício foram mantidos. "Antes isso aqui era um hangar, uma estufa sem condições museológicas", diz Coelho.
Do total da reforma, R$ 2,41 milhões foram pagos pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). A Fundação Vitae desembolsou os outros R$ 90 mil, que foram utilizados para a criação do Gabinete de Papel, um espaço de apenas 60 m2, mas que tem capacidade para expor 200 obras. Isso é possível pois as obras estão em gavetas horizontais e verticais, que podem ser abertas pelos visitantes.
O acervo em papel do MAC corresponde à metade de sua coleção inteira, composta por 8.000 obras. Lá estão, por exemplo, 500 peças de Di Cavalcanti. "A idéia é mostrar o acervo em papel de maneira sucessiva, não apenas as obras mais importantes, afinal, elas também revelam o processo de criação do artista", diz Coelho. Para a reinauguração do MAC, estão expostas obras das quatro primeiras décadas do século 20.
Também integram a exposição inaugural obras de nove artistas dentro do programa Novas Aquisições do museu. São obras selecionadas pela diretoria do MAC de artistas que ainda não estão representados no acervo do museu. São eles: Waltércio Caldas, Sandra Cinto, Rochelle Costi, Vik Muniz, Rosângela Rennó, Edgard de Souza, Ana Maria Tavares, Tunga e Nelson Leirner, que já têm obras no acervo, mas que não abarcam seu trabalho mais recente.
Apesar de anunciado como novas aquisições, o MAC ainda não possui as obras. Para tanto, o museu está em busca de patrocínio.


Exposição: Obra Nova
Onde: Museu de Arte Contemporânea da USP (r. da Reitoria, 160, Cidade Universitária, São Paulo, tel. 0/xx/11/ 3818-3027)
Quando: abertura hoje, às 20h30; de seg. a sex., 10h/19h (qui., 11h/20h), sáb., das 10h às 14h; até 03/03
Quanto: R$ 3 (qua., gratuito)




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