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Grupo comemora dez anos, em 2002, com livro, remontagens e atuações no exterior
A década da vertigem
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Há quase dez anos esse grupo
passa por igrejas, hospitais e presídios do Brasil e do exterior "pregando" a partir de textos bíblicos.
No momento, estão no Rio. No
entanto, não são fanáticos religiosos. Muito pelo contrário.
Desde 1992, a companhia Teatro da Vertigem tem encenado espetáculos em espaços inusitados,
trazendo à dramaturgia brasileira
um novo vigor a partir de sua trilogia de peças baseadas nos livros
bíblicos do Gênese, Livro de Jó e
Apocalipse. Com apenas três
montagens ao longo de uma década, passou a ser considerado
um dos grandes destaques do teatro brasileiro dos anos 90.
Para comemorar a década, 2002
será um ano de festa para a Vertigem. A publicação de um livro sobre a companhia, uma mostra de
fotos e a remontagem da trilogia
de peças num mesmo espaço fazem parte das comemorações dos
dez anos.
"Fazer dez anos é motivo para
um balanço; recuperar a trilogia é
uma forma de nos redimensionarmos para o passo seguinte",
disse Antônio Araújo, o diretor da
companhia.
O livro "A Trilogia Bíblica do
Teatro da Vertigem", com 200 páginas, é o primeiro dos projetos
que irá se concretizar no decorrer
de 2002. Ele será lançado em
maio, durante a Bienal do Livro,
em São Paulo, editado pelo Publifolha. Terá prefácio do ensaísta e
crítico teatral Sábato Magaldi, fotos dos três espetáculos, textos do
próprio Araújo e de outros membros da companhia e ainda ensaios acadêmicos. "O livro será
um documento de nossa trajetória", afirma Araújo.
A exposição com fotos dos dez
anos do grupo está programada
para o segundo semestre, no Centro Cultural São Paulo. Ela acontece numa mostra do Idart (Departamento de Informação e Documentação Artística), que homenageia o aniversário de três
grupos: os 30 anos do Pod Minoga, os 20 anos do Galpão e os dez
do Vertigem. A curadoria é de Silvana Garcia e Marcos Moraes.
Já a remontagem da trilogia
-composta por "Paraíso Perdido" (1992), "O Livro de Jó" (1995)
e "Apocalipse 1,11" (2000)- está
em busca de patrocínio. "Gostaríamos de realizá-la no conjunto
desativado da Febem, no bairro
do Pacaembu, que tem também
uma capela e um hospital", diz
Guilherme Bonfanti, diretor técnico do grupo. O conjunto pertence à Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo.
Entretanto, não estão descartados os locais originais das montagens: a igreja de Santa Ifigênia,
que sediou "Paraíso Perdido", e o
hospital Umberto 1º, onde foi encenado "O Livro de Jó". Para
"Apocalipse 1,11", atualmente em
cartaz no Rio, o grupo considera
ainda a possibilidade de montá-la
no primeiro local para onde foi
planejada: o complexo presidiário
do Carandiru, que pode ser desativado no próximo ano.
Com as remontagens, o grupo
espera ainda concretizar outro
projeto: gravar em DVD todas as
peças. "Não temos nenhum dos
espetáculos gravados de forma
decente", diz Araújo.
Excursões
Mas o aniversário não será comemorado apenas no país. Na semana passada, Matthias Lilienthal, diretor do festival alemão
Theater der Welt, foi ao Rio assistir a "Apocalipse". Já fez o convite
formal ao grupo, que conseguirá,
pela primeira vez, montar a peça
de acordo com os planos originais: num presídio em funcionamento, com a participação dos
próprios presos. Foi o único grupo brasileiro convidado. Da Argentina são quatro. O Vertigem
tem ainda convites de festivais na
Austrália, Suíça, Venezuela e Colômbia. Será uma agenda cheia.
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