São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2001

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Grupo comemora dez anos, em 2002, com livro, remontagens e atuações no exterior

A década da vertigem

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Há quase dez anos esse grupo passa por igrejas, hospitais e presídios do Brasil e do exterior "pregando" a partir de textos bíblicos. No momento, estão no Rio. No entanto, não são fanáticos religiosos. Muito pelo contrário.
Desde 1992, a companhia Teatro da Vertigem tem encenado espetáculos em espaços inusitados, trazendo à dramaturgia brasileira um novo vigor a partir de sua trilogia de peças baseadas nos livros bíblicos do Gênese, Livro de Jó e Apocalipse. Com apenas três montagens ao longo de uma década, passou a ser considerado um dos grandes destaques do teatro brasileiro dos anos 90.
Para comemorar a década, 2002 será um ano de festa para a Vertigem. A publicação de um livro sobre a companhia, uma mostra de fotos e a remontagem da trilogia de peças num mesmo espaço fazem parte das comemorações dos dez anos.
"Fazer dez anos é motivo para um balanço; recuperar a trilogia é uma forma de nos redimensionarmos para o passo seguinte", disse Antônio Araújo, o diretor da companhia.
O livro "A Trilogia Bíblica do Teatro da Vertigem", com 200 páginas, é o primeiro dos projetos que irá se concretizar no decorrer de 2002. Ele será lançado em maio, durante a Bienal do Livro, em São Paulo, editado pelo Publifolha. Terá prefácio do ensaísta e crítico teatral Sábato Magaldi, fotos dos três espetáculos, textos do próprio Araújo e de outros membros da companhia e ainda ensaios acadêmicos. "O livro será um documento de nossa trajetória", afirma Araújo.
A exposição com fotos dos dez anos do grupo está programada para o segundo semestre, no Centro Cultural São Paulo. Ela acontece numa mostra do Idart (Departamento de Informação e Documentação Artística), que homenageia o aniversário de três grupos: os 30 anos do Pod Minoga, os 20 anos do Galpão e os dez do Vertigem. A curadoria é de Silvana Garcia e Marcos Moraes.
Já a remontagem da trilogia -composta por "Paraíso Perdido" (1992), "O Livro de Jó" (1995) e "Apocalipse 1,11" (2000)- está em busca de patrocínio. "Gostaríamos de realizá-la no conjunto desativado da Febem, no bairro do Pacaembu, que tem também uma capela e um hospital", diz Guilherme Bonfanti, diretor técnico do grupo. O conjunto pertence à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Entretanto, não estão descartados os locais originais das montagens: a igreja de Santa Ifigênia, que sediou "Paraíso Perdido", e o hospital Umberto 1º, onde foi encenado "O Livro de Jó". Para "Apocalipse 1,11", atualmente em cartaz no Rio, o grupo considera ainda a possibilidade de montá-la no primeiro local para onde foi planejada: o complexo presidiário do Carandiru, que pode ser desativado no próximo ano.
Com as remontagens, o grupo espera ainda concretizar outro projeto: gravar em DVD todas as peças. "Não temos nenhum dos espetáculos gravados de forma decente", diz Araújo.

Excursões
Mas o aniversário não será comemorado apenas no país. Na semana passada, Matthias Lilienthal, diretor do festival alemão Theater der Welt, foi ao Rio assistir a "Apocalipse". Já fez o convite formal ao grupo, que conseguirá, pela primeira vez, montar a peça de acordo com os planos originais: num presídio em funcionamento, com a participação dos próprios presos. Foi o único grupo brasileiro convidado. Da Argentina são quatro. O Vertigem tem ainda convites de festivais na Austrália, Suíça, Venezuela e Colômbia. Será uma agenda cheia.


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