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MUNDO DE BACO
Destaques dos anos 80 chegam ao país
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
A pesar de terem sido lançados meses atrás pela Veuve
Cliquot, sócia nas duas adegas, os
vinhos das vinícolas Cape Mentelle, australiana, e Cloudy Bay, da
Nova Zelândia, apenas agora começam a marcar presença nas
prateleiras da cidade.
As duas firmas foram fundadas
por David Hohnen, australiano
que estudou enologia na Universidade de Fresno, na Califórnia.
Cape Mentelle nasceu no começo
dos anos 70, quando Hohnen iniciou a implantação dos seus vinhedos, localizados na região de
Margaret River, no sudoeste da
Austrália. Cloudy Bay, localizada
em Marlbourough, norte da ilha
Sul, foi criada em 1985.
As duas vinícolas chamaram
atenção nos anos 80. Cape Mentelle mostrou com alguns exemplares (do estilo Shiraz) que também
do canto oeste do continente australiano podem brotar excelentes
goles rubros. Já Cloudy Bay, com
seu sauvignon blanc, um vinho
hedônico, intenso, perfumado,
deu amostra do potencial que essa
variedade francesa pode atingir
nos vinhedos da Nova Zelândia.
Entre os vinhos dessas adegas
que desembarcaram no Brasil,
dois se destacam: o Cape Mentelle
Cabernet-Merlot e o Cloudy Bay
Chardonnay, ambos safra 99. O
cabernet-merlot agrada pelo aroma intenso com o toque clássico
de eucalipto e suave alecrim dos
tintos da casa. Tem bom corpo,
taninos redondos que não agridem e sabor que combina frutas
vermelhas com tempero bem dosado de madeira.
O chardonnay da Cloudy Bay
tem bom corpo e mostra bom
equilíbrio, tanto entre álcool e acidez como na combinação de fruta
(maçã em calda, frutas cítricas)
com os traços de madeira deixados pelas barricas de carvalho
francês nas quais foi envelhecido.
Outros dois vinhos completam
a leva: um semillon-chardonnay
da Cape Mentelle e o renomado
sauvignon blanc da Cloudy Bay,
ambos de 99.
Parágrafo especial para esse par
de brancos. Eles são vinhos para
serem bebidos jovens (as duas casas já colocaram no mercado as
edições 2001 deles), de preferência dentro do ano posterior à safra. Ambos têm ainda boa performance, mas (especialmente o sauvignon blanc da Cloudy) já não
têm aroma potente, quase explosivo, talvez por terem chegado a
nossas praias um pouco tarde, fora do seu apogeu e meio cansados.
Mas quem quiser conferir o potencial de um desses brancos da
Nova Zelândia tem um bom
exemplo ao alcance da mão: o
Neudorf 2001. Modelado pelo
enólogo Tim Finn, proprietário
da vinícola, o sauvignon blanc da
Neudorf tem perfume intenso
(manga, melão, maracujá) que
pode ser sentido a vários centímetros do copo. Na boca, tem paladar rico, com fruta concentrada e
sabor muito longo realçado por
uma agradável acidez.
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