São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2001

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MUNDO DE BACO

Destaques dos anos 80 chegam ao país

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

A pesar de terem sido lançados meses atrás pela Veuve Cliquot, sócia nas duas adegas, os vinhos das vinícolas Cape Mentelle, australiana, e Cloudy Bay, da Nova Zelândia, apenas agora começam a marcar presença nas prateleiras da cidade.
As duas firmas foram fundadas por David Hohnen, australiano que estudou enologia na Universidade de Fresno, na Califórnia. Cape Mentelle nasceu no começo dos anos 70, quando Hohnen iniciou a implantação dos seus vinhedos, localizados na região de Margaret River, no sudoeste da Austrália. Cloudy Bay, localizada em Marlbourough, norte da ilha Sul, foi criada em 1985.
As duas vinícolas chamaram atenção nos anos 80. Cape Mentelle mostrou com alguns exemplares (do estilo Shiraz) que também do canto oeste do continente australiano podem brotar excelentes goles rubros. Já Cloudy Bay, com seu sauvignon blanc, um vinho hedônico, intenso, perfumado, deu amostra do potencial que essa variedade francesa pode atingir nos vinhedos da Nova Zelândia.
Entre os vinhos dessas adegas que desembarcaram no Brasil, dois se destacam: o Cape Mentelle Cabernet-Merlot e o Cloudy Bay Chardonnay, ambos safra 99. O cabernet-merlot agrada pelo aroma intenso com o toque clássico de eucalipto e suave alecrim dos tintos da casa. Tem bom corpo, taninos redondos que não agridem e sabor que combina frutas vermelhas com tempero bem dosado de madeira.
O chardonnay da Cloudy Bay tem bom corpo e mostra bom equilíbrio, tanto entre álcool e acidez como na combinação de fruta (maçã em calda, frutas cítricas) com os traços de madeira deixados pelas barricas de carvalho francês nas quais foi envelhecido.
Outros dois vinhos completam a leva: um semillon-chardonnay da Cape Mentelle e o renomado sauvignon blanc da Cloudy Bay, ambos de 99.
Parágrafo especial para esse par de brancos. Eles são vinhos para serem bebidos jovens (as duas casas já colocaram no mercado as edições 2001 deles), de preferência dentro do ano posterior à safra. Ambos têm ainda boa performance, mas (especialmente o sauvignon blanc da Cloudy) já não têm aroma potente, quase explosivo, talvez por terem chegado a nossas praias um pouco tarde, fora do seu apogeu e meio cansados.
Mas quem quiser conferir o potencial de um desses brancos da Nova Zelândia tem um bom exemplo ao alcance da mão: o Neudorf 2001. Modelado pelo enólogo Tim Finn, proprietário da vinícola, o sauvignon blanc da Neudorf tem perfume intenso (manga, melão, maracujá) que pode ser sentido a vários centímetros do copo. Na boca, tem paladar rico, com fruta concentrada e sabor muito longo realçado por uma agradável acidez.


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