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TEATRO
Comédia estréia hoje no Rio
Peça de Nunes e Abreu é encenada pela 3ª vez
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Caio Fernando Abreu e Luiz Arthur Nunes passaram o Carnaval
de 1986 em São Paulo. Mas só fisicamente. A cabeça deles estava na
Província francesa de Castelfranc,
na primavera de 1834, onde situaram a trama de "A Maldição do
Vale Negro", peça escrita naqueles quatro dias de fevereiro em
meio a gargalhadas.
Diretor das montagens de 1986,
em Porto Alegre, e 1988, no Rio
-quando a peça ganhou o Prêmio Molière de melhor texto-,
Nunes encena pela terceira vez "A
Maldição do Vale Negro", que estréia hoje no teatro Villa-Lobos,
no Rio. A comédia mistura clichês
do melodrama como a governanta vilã, a donzela boazinha e a cigana com poderes mágicos.
"Os códigos e cânones do gênero estão todos no texto, mas os
atores fazem a peça a sério, o que
a torna muito mais engraçada.
Em primeira instância, não é um
deboche. O melodrama é tão carregado de artificialidade que nem
precisa buscar uma caricatura",
explica Nunes.
Ainda assim, a artificialidade é
reforçada com opções como a de
Marcos Breda interpretando uma
mulher. Na verdade, como ressalta Nunes, a governanta Agatha é
uma vilã tão estereotipada que
sua falta de feminilidade a deixa
próxima de um homem.
"Os personagens são monoliticamente mal ou imaculadamente
bons. É tudo inverossímil. E por
isso é a peça mais saborosa de
Caio", conta Breda.
Grande amigo do escritor, morto em 1996 aos 47 anos, Breda administra a obra teatral de Abreu,
reunida em livro em 1997. Embora adorasse teatro, tendo inclusive
trabalhado como ator, foi na prosa que Abreu se firmou como um
dos maiores autores de sua geração. Entre seus principais livros
estão "Morangos Mofados" e
"Onde Andará Dulce Veiga?".
A nova versão de "A Maldição
do Vale Negro" tem Camila Pitanga como Rosalinda, a jovem
que, para salvar as finanças de seu
padrinho, o conde Maurício de
Belmont (Mário Borges), deixa de
ser donzela e acaba se apaixonando pelo marquês D'Allençon
(Bruno Garcia).
Ao longo da trama, ela percebe
que o conde e o mundo não são
tão bons quanto pensava e que
seu pai, o cigano Vassili (Leonardo Netto), está vivo e cego.
Pitanga, Breda e a produtora
Maria Helena Alvarez são sócios
num projeto de montar comédias
de estilos diversos. Depois da
commedia dell'arte ("Arlequim,
Servidor de Dois Patrões", de
Carlo Goldoni, encenada entre
2002 e 2004) e do melodrama, a
próxima deverá ser um vaudeville
ou um grand-guignol.
A MALDIÇÃO DO VALE NEGRO. De:
Caio Fernando Abreu e Luiz Arthur
Nunes. Direção: Luiz Arthur Nunes. Com:
Marcos Breda, Camila Pitanga. Onde:
teatro Villa-Lobos (av. Princesa Isabel,
Copacabana, Rio, tel. 0/xx/21/2275-6695). Quando: de hoje a 13/3 (a partir
de maio em SP). Quanto: R$ 20.
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