São Paulo, sexta-feira, 07 de janeiro de 2005

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TEATRO

Comédia estréia hoje no Rio

Peça de Nunes e Abreu é encenada pela 3ª vez

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Caio Fernando Abreu e Luiz Arthur Nunes passaram o Carnaval de 1986 em São Paulo. Mas só fisicamente. A cabeça deles estava na Província francesa de Castelfranc, na primavera de 1834, onde situaram a trama de "A Maldição do Vale Negro", peça escrita naqueles quatro dias de fevereiro em meio a gargalhadas.
Diretor das montagens de 1986, em Porto Alegre, e 1988, no Rio -quando a peça ganhou o Prêmio Molière de melhor texto-, Nunes encena pela terceira vez "A Maldição do Vale Negro", que estréia hoje no teatro Villa-Lobos, no Rio. A comédia mistura clichês do melodrama como a governanta vilã, a donzela boazinha e a cigana com poderes mágicos.
"Os códigos e cânones do gênero estão todos no texto, mas os atores fazem a peça a sério, o que a torna muito mais engraçada. Em primeira instância, não é um deboche. O melodrama é tão carregado de artificialidade que nem precisa buscar uma caricatura", explica Nunes.
Ainda assim, a artificialidade é reforçada com opções como a de Marcos Breda interpretando uma mulher. Na verdade, como ressalta Nunes, a governanta Agatha é uma vilã tão estereotipada que sua falta de feminilidade a deixa próxima de um homem.
"Os personagens são monoliticamente mal ou imaculadamente bons. É tudo inverossímil. E por isso é a peça mais saborosa de Caio", conta Breda.
Grande amigo do escritor, morto em 1996 aos 47 anos, Breda administra a obra teatral de Abreu, reunida em livro em 1997. Embora adorasse teatro, tendo inclusive trabalhado como ator, foi na prosa que Abreu se firmou como um dos maiores autores de sua geração. Entre seus principais livros estão "Morangos Mofados" e "Onde Andará Dulce Veiga?".
A nova versão de "A Maldição do Vale Negro" tem Camila Pitanga como Rosalinda, a jovem que, para salvar as finanças de seu padrinho, o conde Maurício de Belmont (Mário Borges), deixa de ser donzela e acaba se apaixonando pelo marquês D'Allençon (Bruno Garcia).
Ao longo da trama, ela percebe que o conde e o mundo não são tão bons quanto pensava e que seu pai, o cigano Vassili (Leonardo Netto), está vivo e cego.
Pitanga, Breda e a produtora Maria Helena Alvarez são sócios num projeto de montar comédias de estilos diversos. Depois da commedia dell'arte ("Arlequim, Servidor de Dois Patrões", de Carlo Goldoni, encenada entre 2002 e 2004) e do melodrama, a próxima deverá ser um vaudeville ou um grand-guignol.


A MALDIÇÃO DO VALE NEGRO. De: Caio Fernando Abreu e Luiz Arthur Nunes. Direção: Luiz Arthur Nunes. Com: Marcos Breda, Camila Pitanga. Onde: teatro Villa-Lobos (av. Princesa Isabel, Copacabana, Rio, tel. 0/xx/21/2275-6695). Quando: de hoje a 13/3 (a partir de maio em SP). Quanto: R$ 20.


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