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São Paulo, sexta-feira, 07 de fevereiro de 2003

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MÚSICA/LANÇAMENTOS

"MARY STAR..."

Ex-Pumpkins retorna às origens com a nova banda Zwan

"Pastor" Billy Corgan busca a redenção pelas guitarras

Divulgação
A partir do alto, em sentido horário, Billy Corgan, Jimmy Chamberlin, Paz Lenchantin, Matt Sweeney e David Pajo, do Zwan


DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele bem que tentou queimar suas guitarras. Disse ter colocado "tudo" o que era possível extrair do instrumento de seis cordas num álbum duplo, sintomaticamente batizado de "Mellon Collie and the Infinite Sadness" e seguido por uma caixa de "sobras" de estúdio. O rock'n'roll está morto e o futuro reside na eletrônica, assim falou Billy Corgan, em 96.
A redenção veio agora: "Baby, Let's Rock!" -faixa 10 de "Mary Star of the Sea", disco de estréia do Zwan- revela a liturgia do "pastor", reconvertido à fé nos pedais, Billy "Burke" Corgan. O Burke, sobrenome com que o ex-guitarrista do Smashing Pumpkins se identifica em sua nova banda, seria uma referência a um líder religioso dos EUA.
E "Mary Star of the Sea", apesar do elenco estelar, que inclui ainda o ex-abóbora e baterista Jimmy Chamberlin, Matt Sweeney, ex-guitarrista do cultuado Chavez, David Pajo, também guitarrista do extinto Slint, nome dos mais importantes do rock alternativo dos anos 90, e a bela e competente baixista Paz Lenchantin, ex-A Perfect Circle e que andou dando umas palhetadas no último Queens of the Stone Age, está definitivamente à cata de fiéis.
"Lá vem a minha fé para me carregar/uma fé, não um túmulo", sublinha Corgan, ops! Burke, nos dois primeiros versos de "Lyric", faixa que abre o disco. As primeiríssimas impressões, dedilhadas à anos 80, podem levantar suspeitas, que logo, logo mesmo, se dissipam ao som dos primeiros riffs da boa e detonada Fender Stratocaster de Corgan. É, aquele do Smashing Pumpkins de "Gish" e "Siamese Dream". Chamberlin, que pareceu quase ausente nos dois últimos SP, "Adore" e "Machina", também mostra sua melhor forma na bateria deste Zwan.
Do encarte multicolorido, para não dizer bicho-grilo, ao teor das letras e à energia dos solos de (três) guitarra(s), "Mary Star of the Sea" transborda de... amor. Sem soar chato, o que é mais importante. Mistura baladas, como a oitentista (ou "1979"?) "El Sol" e as acústicas "Of a Broken Heart" e "Heartsong", que já nasceu candidata a "Disarm", com pegadas mais diretas, como "Honestly", "Ride a Black Swan" e a comunhão de ruídos de 14 minutos de "Jesus, I / Mary Star of the Sea".
Messiânica chegada deste Zwan, que não é exatamente "o" Smashing Pumpkins, mas tem boas credenciais para preencher o vazio deixado por ele desde 2000. Só não dá para dizer amém é para a sacanagem de lançar duas versões do CD lá fora, uma com 15 faixas a mais em um DVD bônus, que só deve chegar ao Brasil via importadora.


Mary Star of the Sea     
Artista: Zwan
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 29, em média



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