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MÚSICA/LANÇAMENTOS
"MARY STAR..."
Ex-Pumpkins retorna às origens com a nova banda Zwan
"Pastor" Billy Corgan busca a redenção pelas guitarras
Divulgação
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A partir do alto, em sentido horário, Billy Corgan, Jimmy Chamberlin, Paz Lenchantin, Matt Sweeney e David Pajo, do Zwan |
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele bem que tentou queimar
suas guitarras. Disse ter colocado "tudo" o que era possível extrair do instrumento de seis cordas num álbum duplo, sintomaticamente batizado de "Mellon Collie and the Infinite Sadness" e seguido por uma caixa de "sobras"
de estúdio. O rock'n'roll está morto e o futuro reside na eletrônica,
assim falou Billy Corgan, em 96.
A redenção veio agora: "Baby,
Let's Rock!" -faixa 10 de "Mary
Star of the Sea", disco de estréia
do Zwan- revela a liturgia do
"pastor", reconvertido à fé nos
pedais, Billy "Burke" Corgan. O
Burke, sobrenome com que o ex-guitarrista do Smashing Pumpkins se identifica em sua nova banda, seria uma referência a um
líder religioso dos EUA.
E "Mary Star of the Sea", apesar
do elenco estelar, que inclui ainda
o ex-abóbora e baterista Jimmy
Chamberlin, Matt Sweeney, ex-guitarrista do cultuado Chavez,
David Pajo, também guitarrista
do extinto Slint, nome dos mais
importantes do rock alternativo
dos anos 90, e a bela e competente
baixista Paz Lenchantin, ex-A
Perfect Circle e que andou dando
umas palhetadas no último
Queens of the Stone Age, está definitivamente à cata de fiéis.
"Lá vem a minha fé para me carregar/uma fé, não um túmulo",
sublinha Corgan, ops! Burke, nos
dois primeiros versos de "Lyric",
faixa que abre o disco. As primeiríssimas impressões, dedilhadas à
anos 80, podem levantar suspeitas, que logo, logo mesmo, se dissipam ao som dos primeiros riffs
da boa e detonada Fender Stratocaster de Corgan. É, aquele do
Smashing Pumpkins de "Gish" e
"Siamese Dream". Chamberlin,
que pareceu quase ausente nos
dois últimos SP, "Adore" e "Machina", também mostra sua melhor forma na bateria deste Zwan.
Do encarte multicolorido, para
não dizer bicho-grilo, ao teor das
letras e à energia dos solos de
(três) guitarra(s), "Mary Star of
the Sea" transborda de... amor.
Sem soar chato, o que é mais importante. Mistura baladas, como a
oitentista (ou "1979"?) "El Sol" e
as acústicas "Of a Broken Heart" e
"Heartsong", que já nasceu candidata a "Disarm", com pegadas
mais diretas, como "Honestly",
"Ride a Black Swan" e a comunhão de ruídos de 14 minutos de
"Jesus, I / Mary Star of the Sea".
Messiânica chegada deste
Zwan, que não é exatamente "o"
Smashing Pumpkins, mas tem
boas credenciais para preencher o
vazio deixado por ele desde 2000.
Só não dá para dizer amém é para
a sacanagem de lançar duas versões do CD lá fora, uma com 15
faixas a mais em um DVD bônus,
que só deve chegar ao Brasil via
importadora.
Mary Star of the Sea
Artista: Zwan
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 29, em média
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