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Atriz desponta como vilã "humana"
Adriana Birolli faz sucesso em "Viver a Vida" e integra lista de antagonistas sarcásticas criadas pelo autor Manoel Carlos
Na novela, Isabel sente inveja da irmã; "Nunca faço vilã de opereta, mulheres terríveis, pois não acredito que existam", diz autor
VITOR MORENO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE
Isabel entra no quarto da irmã, Luciana, que ficou tetraplégica após um acidente, e dispara, debochada: "Vou bater
perna por aí!".
O comentário irônico -e impiedoso- é um exemplo do tipo
de maldade de que é capaz a
personagem vivida por Adriana
Birolli, 23, na novela "Viver a
Vida". "Ela não é bem uma vilã;
ela fala a verdade, provoca, mas
não joga ninguém pela escada",
diz a atriz.
Esse traço de maldade, uma
vilania cheia de sarcasmo e incorreção, é exatamente o que
define as antagonistas de Manoel Carlos, autor da trama.
Nilson Xavier, que escreveu o
"Almanaque da Telenovela
Brasileira", lembra que as vilãs
de Maneco "não fazem maldades por fazer". "Não há o maniqueísmo extremo, elas nunca
são sociopatas ou psicopatas",
afirma o especialista.
Maneco confirma a análise:
"Nunca faço vilã de opereta,
mulheres terríveis, pois não
acredito que existam".
A malvada da vez, Isabel, é
movida por ciúmes e inveja da
irmã, mas não quer vê-la morrer e até já disse que torce por
sua recuperação. Bem diferente, por exemplo, de Yvone (Letícia Sabatella), que seduziu,
roubou e mentiu em "Caminho
das Índias", de Glória Perez.
O autor defende que suas vilãs são "humanizadas". As personagens teriam as virtudes e
os defeitos de qualquer mortal.
"Não existem muitas pessoas
como a Isabel, mas eu conheço
algumas. Você não conhece?",
questiona a atriz.
Para Xavier, a característica é
uma exclusividade das tramas
de Manoel Carlos. Mesmo em
tramas realistas, os demais autores costumam carregar nas
maldades das vilãs, que muitas
vezes superam as mocinhas em
empatia com o público.
Quem não se lembra da Nazaré Tedesco (Renata Sorrah)
de "Senhora do Destino"?
"É uma espécie de catarse",
diz Xavier. "O telespectador
pode não aceitar aquelas atitudes, mas não consegue ficar
imune à figura da vilã, sem que
ela lhe desperte algum interesse, ou algum desejo contido."
Mimada
Regiane Alves, 31, é veterana
em vilãs "manequianas": já viveu três. A pior delas -ou a
mais lembrada- foi Dóris, de
"Mulheres Apaixonadas",
aquela que maltratava os avós.
"Nem eu nem o Maneco esperávamos tanta repercussão.
Já se foram sete anos e ainda falam nela", diz Regiane, que
atualmente está no ar na novela
das 19h, "Tempos Modernos".
Assim como Adriana Birolli,
ela não considera sua personagem uma vilã. "Acho a Dóris
uma adolescente mimada, sem
controle, egoísta, sem pudor."
Manoel Carlos elogia as duas
atrizes e diz ter "um carinho especial" pelas intérpretes de
suas vilãs. Mas cita três preferidas, todas vividas por veteranas. São elas: Susana Vieira (a
Branca, de "Por Amor"), Marieta Severo (a Alma, de "Laços de
Família") e Lília Cabral (a Marta, de "Páginas da Vida") -a última faz a Tereza, mãe de Isabel, em "Viver a Vida".
E, se vilãs pérfidas e cruéis
não cabem nas tramas de Maneco, a mesma fórmula se aplica às mocinhas inocentes. As
Helenas, segundo Maneco,
também são "demasiadamente
humanas", ou seja, "mentem,
fingem e traem". Por isso, diz o
autor, não há espaço para uma
Helena "do mal". "Elas serão
sempre as protagonistas", diz.
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