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"COZINHA ILUSTRADA"
Por um ano, quatro chefs consagrados ensinarão pratos
Estréia hoje coluna de receitas
ARTHUR NESTROVSKI
ARTICULISTA DA FOLHA
Quem toca piano em casa sabe
que jamais vai tocar como Sviatoslav Richter. Nem por isso deixa
de ser um prazer abrir o teclado e
fazer música com as mãos, não só
com os ouvidos. O mesmo vale
para a comida: nenhum de nós
tem esperança de cozinhar, algum
dia, como Salvatore Loi, Carla
Pernambuco, Marie-France Henri ou Jun Sakamoto. Nem por isso a cozinha deixa de ser um grande prazer; e tanto mais quando se
segue a partitura desses mestres.
Ao longo do ano, os quatro vão
se alternar semanalmente na "Cozinha Ilustrada", que estréia hoje,
trazendo receitas ao alcance de todos. Cada um representa um domínio especial no grande mapa
culinário do mundo.
Marie-France Henri (dos restaurantes La Casserole e Marie) é
uma guardiã da cozinha tradicional francesa. Marie nos ensina
que "França" é uma abstração rápida demais, que pode e deve ser
subdividida em regiões e estações.
Doze regiões e quatro estações,
para acompanhar o calendário da
"Cozinha Ilustrada".
"Japão" e "sushi" são palavras
vagas no vocabulário de Jun Sakamoto (do restaurante homônimo). "Uma rosa é uma rosa é uma
rosa", dizia a poeta Gertrude
Stein. Mas um sushi é um sushi
não é um sushi quando a gente se
depara com as criações desse chef.
No mundo de Jun, tudo chega,
afinal, ao próprio gosto, definido
em contraponto com os outros.
Tudo: inclusive nós.
Na hora do almoço, ele vai com
frequência ao Brasil: vai experimentar as artes de Carla Pernambuco (do Carlota). Talvez só alguém como ela, que nasceu em
Porto Alegre, fez sua educação
nos EUA e vive há anos em São
Paulo, pudesse ter o desprendimento para combinar as coisas
numa mistura nossa. "Fusion",
não "confusion". Existe uma gastronomia simpática, como existe
também a lírica, ou a majestosa.
Existe ainda a cozinha em dó
maior, verdadeira busca da verdade através dos alimentos. Como a praticada pelo chef Salvatore
Loi (do Fasano).
Quem vê o fausto das instalações do Fasano nem sempre percebe que a riqueza maior, ali, está
na pureza dos preparos. Pão, sal e
azeite fariam a felicidade de Loi.
Desde que fossem o pão de Deus,
o sal da vida e o azeite da Toscana.
Veja a receita em: http://www.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0703200233.htm
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